LITERATURA COLONIAL BRASILEIRA
Embora
seja ainda uma extensão da literatura portuguesa, a literatura que se fez no
Brasil, durante três séculos, está intimamente ligada à vida, aos costumes e
aos problemas da colônia. Nesta atividade estudaremos os três grandes momentos
da literatura colonial:
·
O Quinhentismo (século XVI);
·
O Barroco ( século XVII a meados do XVIII);
·
O Neoclassicismo (segunda metade do século
XVIII).
O Quinhentismo deve ser considerado
como parte da literatura de viagens do Renascimento português. É mais
apropriado falar de uma “literatura sobre o Brasil” que de “literatura brasileira”.
Principais manifestações literárias:
·
A literatura informativa – cartas, relatórios, diários de navegação,
tratados e relatos históricos sobre a nova terra;
·
A literatura catequética do padre José de
Anchieta – peças de teatro e poemas – ligada à tradição
medieval ( medida velha, teatro vicentino, concepção teocêntrica do mundo).
O Barroco é um estilo literário que reflete um momento
conturbado da história europeia e os ideais da Contrarreforma. As
características do Barroco opõem - se às do Classicismo renascentista: pessimismo; desequilíbrio entre razão e
emoção; jogo de contrastes, como expressão da dualidade e da contradição;
linguagem rebuscada e contorcida, repleta de figuras de linguagem. Há duas tendências no Barroco literário:
·
O cultismo
– hipertrofia da dimensão sensorial do texto, pelo jogo formal e pelo uso
excessivo de figuras de linguagem;
·
O conceptismo – intensa elaboração da dimensão conceitual
do texto, do pensamento engenhoso e sutil.
Principais
autores:
·
Pe. Antônio Vieira – orador sacro luso – brasileiro, de estilo
conceptista.
·
Gregório de Matos – autor de volumosa produção poética, que revela
o espírito barroco já na escolha de temas conflitantes: poesia religiosa
(sacra), poesia lírico – amorosa, poesia satírica. Em razão de suas sátiras e
de sua poesia erótico – pornográfica, o poeta é conhecido pelo apelido de Boca
do Inferno.
No
Neoclassicismo, da segunda metade do
século XVIII, há uma revalorização das características da arte clássica, como
reação aos exageros do Barroco. Os termos Neoclassicismo
e Arcadismo são utilizados
frequentemente para denominar, de modo abrangente, o conjunto das tendências da
época. Em sentido específico, no entanto, devemos distinguir essas
denominações, entendendo:
·
Por Arcadismo a poesia convencional das
“arcádias” (academias): pastoralismo, bucolismo;
·
Por Neoclassicismo o movimento artístico
surgido na Europa nas últimas décadas do século XVIII ( busca do equilíbrio
clássico e da perfeição formal, repúdio aos elementos decorativos, exploração
de temas históricos e mitológicos).
Na
passagem para o século XIX, o Neoclassicismo evolui para o Pré-Romantismo.
A
poesia neoclássica brasileira desenvolveu-se sobretudo na região aurífera de
Minas Gerais e na nova capital da Colônia (Rio de Janeiro). Vários autores
envolveram-se no movimento político denominado Inconfidência Mineira.
Principais autores neoclássicos
brasileiros
·
Cláudio Manuel da Costa – Obras poéticas (poesia
lírica, 1768) e Vila Rica ( poema épico, 1773).
·
Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu (
liras – poesia lírica) e Cartas chilenas (poesia satírica).
·
Basílio da Gama – O Uraguai ( poema épico,
1769).
·
Frei José de Santa Rita Durão – Caramuru
(poema épico, 1781).
Principais convenções da poesia
arcádica
1. Personagens
mitológicos utilizados
alegoricamente.
2. Bucolismo e
pastoralismo: a vida campestre
idealizada e estilizada; o sujeito lírico sempre caracterizado como um pastor;
a mulher amada, como uma pastora.
3. Ambientação no locus amoenus (“lugar
ameno”): idealização da natureza, estilizada em cenário perfeito e aprazível (o
prado, as flores, os pássaros, a brisa, o riacho murmurante etc.).
4. Tema do fugere urbem (“ fugir da cidade”): a
cidade é vista como o lugar do sofrimento e da corrupção dos homens.
5. Elogio da aurea mediocritas (“mediania de
ouro”): expressão de Horácio (poeta da Roma antiga) para dizer que uma situação
de equilíbrio deve ser preferível a qualquer extremo.
6. Carpe diem (“colha o dia”), tema clássico greco-latino:
recomendação para que se aproveite o momento presente. Na poesia
lírico-amorosa, o amante procura convencer a amada de que devem viver
plenamente o amor, antes que venham a velhice e a morte.
ATIVIDADE
1.
Complete:
O _____________________ representa a primeira manifestação
literária no Brasil que também ficou conhecida como "literatura de
informação".
É um período literário que reúne relatos de viagem com
características informativas e descritivas. São textos que descrevem as terras
descobertas pelos portugueses no século XVI, desde a fauna, a flora e o povo.
2. Responda a respeito da literatura catequética:
Foi padre, historiador, gramático, poeta,
teatrólogo e um padre jesuíta espanhol. No Brasil, ele teve a função de
catequizar os índios sendo um defensor desse povo contra os abusos dos
colonizadores portugueses.
______________________________________________________________________
3. (Enem / MEC)
A
feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons
narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma
cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta
inocência como têm em mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível
em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso
em: 12 ago. 2009.
Ao
se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de
Caminha, conclui-se que
A)
ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e
melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.
B)
o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira
realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
C) a pintura e o texto têm uma característica
em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo
colonizador.
D) o texto e a pintura são baseados no
contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
E)
há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio
representado é objeto da catequização jesuítica.
4.
COMPLETE:
O
_____________________ é um estilo literário que reflete um momento conturbado da
história europeia e os ideais da Contrarreforma. Suas características: pessimismo;
desequilíbrio entre razão e emoção; jogo de contrastes, como expressão da
dualidade e da contradição; linguagem rebuscada e contorcida, repleta de
figuras de linguagem.
TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 5 a 10.
A JESUS CRISTO NOSSO
SENHOR
Gregório de Matos
Pequei, Senhor; mas
não porque hei pecado,
Da vossa alta
clemência me despido; (forma regular de despedir-se)
Porque quanto mais
tenho delinquido, (pecado; cometido delito)
Vos tenho a perdoar
mais empenhado.
Se basta a vos irar
tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja
um só gemido:
Que a mesma culpa, que
vos há ofendido,
Vos tem para o perdão
lisonjeado.
Se uma ovelha perdida
e já cobrada (recuperada)
Glória tal e prazer
tão repentino
Vos deu, como afirmais
na sacra história,
Eu sou, Senhor, a
ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não
queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha
a vossa glória.
MATOS,
Gregório de. Obra poética 3ª ed. Rio
de Janeiro: Record, 1992, p. 69.
5. Que justificativa
utiliza o pecador para não desistir da piedade divina, embora tenha pecado
tanto? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________
6. Na primeira estrofe, o eu
lírico declara que:
a) Não se considera um pecador,
por isso acha justo esperar o perdão de Deus.
b) Não espera o perdão divino por ser um grande
pecador.
c) Está empenhado em receber o
perdão divino, pois acha que faz jus a ele.
d) Espera a piedade divina, pois,
embora seja um grande pecador, sabe que Deus se empenha em salvá-lo.
e) Deve receber o perdão divino
porque pecou bastante, já que Deus se empenha apenas em perdoar os grandes
pecadores.
7. Na segunda estrofe, o eu lírico:
a) Reconhece
que tem sofrido com os pecados que cometeu.
b) Declara
que a ira de Deus se abranda ao saber dos pecados dos homens.
c) Afirma
que o arrependimento do pecador abranda a ira de Deus.
d) Declara
não ter certeza de que Deus está irado com ele.
e) Mostra-se
surpreso com o fato de um pecado causar tanta ira em Deus.
8. Nos tercetos, o eu lírico compara seu
caso pessoal com um episódio narrado na Bíblia. Essa comparação:
a) Dá
ao eu lírico a certeza de que nunca será perdoado por Deus.
b) Deixa
o eu lírico esperançoso sobre o perdão de Deus.
c) Faz
o eu lírico perceber que perdeu a glória de Deus.
d) Mostra
ao eu lírico que o homem não pode conhecer os desígnios de Deus.
e) Dá
ao eu lírico a certeza de que nunca foi considerado pecador por Deus.
9. “Cobrai-a; e não
queirais, pastor divino,/ Perder na vossa ovelha a vossa
glória.” nos versos destacados percebe-se
a) uma
revelação. b) uma
súplica c) uma
desconfiança d) uma chantagem
10. O texto assemelha-se
a
a) uma
carta b) uma
fábula c) uma
oração d) uma
receita
11) Leia o texto e
marque a opção CORRETA:
Carpe Diem
Que
havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias,
e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
aprovei-te o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça!
que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias,
e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
aprovei-te o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça!
Assinale o movimento literário ao qual ele
pertence, bem como o seu autor:
a) Romantismo, de
autoria de Gonçalves Dias.
b) Arcadismo, de
autoria de Santa Rita Durão.
c) Arcadismo, de
autoria de Tomás Antônio Gonzaga.
d) Simbolismo, de
Alphonsus de Guimaraens.
e) Romantismo, de
autoria de Álvares de Azevedo
12. (UF - PR) - "Eu, Marília, não sou algum
vaqueiro,
Que vive de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelado e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!"
O texto tem traços que caracterizam o período literário ao qual pertence. Uma qualidade patente nesta estrofe é:
a) o bucolismo;
b) o misticismo;
c) o nacionalismo;
d) o regionalismo;
e) o indianismo.
Que vive de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelado e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!"
O texto tem traços que caracterizam o período literário ao qual pertence. Uma qualidade patente nesta estrofe é:
a) o bucolismo;
b) o misticismo;
c) o nacionalismo;
d) o regionalismo;
e) o indianismo.
BONS ESTUDOS!
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