quinta-feira, 28 de maio de 2020

Literatura colonial brasileira: resumo e exercícios



           
                                LITERATURA COLONIAL BRASILEIRA 

            Embora seja ainda uma extensão da literatura portuguesa, a literatura que se fez no Brasil, durante três séculos, está intimamente ligada à vida, aos costumes e aos problemas da colônia. Nesta atividade estudaremos os três grandes momentos da literatura colonial:
·         O Quinhentismo (século XVI);
·         O Barroco ( século XVII a meados do XVIII);
·         O Neoclassicismo (segunda metade do século XVIII).
O Quinhentismo deve ser considerado como parte da literatura de viagens do Renascimento português. É mais apropriado falar de uma “literatura sobre o Brasil” que de “literatura brasileira”. Principais manifestações literárias:
·         A literatura informativa – cartas, relatórios, diários de navegação, tratados e relatos históricos sobre a nova terra;
·         A literatura catequética do padre José de Anchieta – peças de teatro e poemas – ligada à tradição medieval ( medida velha, teatro vicentino, concepção teocêntrica do mundo).
O Barroco é um estilo literário que reflete um momento conturbado da história europeia e os ideais da Contrarreforma. As características do Barroco opõem - se às do Classicismo renascentista: pessimismo; desequilíbrio entre razão e emoção; jogo de contrastes, como expressão da dualidade e da contradição; linguagem rebuscada e contorcida, repleta de figuras de linguagem. duas tendências no Barroco literário:
·         O cultismo – hipertrofia da dimensão sensorial do texto, pelo jogo formal e pelo uso excessivo de figuras de linguagem;
·         O conceptismo – intensa elaboração da dimensão conceitual do texto, do pensamento engenhoso e sutil.
Principais autores:
·         Pe. Antônio Vieira – orador sacro luso – brasileiro, de estilo conceptista.
·         Gregório de Matos – autor de volumosa produção poética, que revela o espírito barroco já na escolha de temas conflitantes: poesia religiosa (sacra), poesia lírico – amorosa, poesia satírica. Em razão de suas sátiras e de sua poesia erótico – pornográfica, o poeta é conhecido pelo apelido de Boca do Inferno.
No Neoclassicismo, da segunda metade do século XVIII, há uma revalorização das características da arte clássica, como reação aos exageros do Barroco. Os termos Neoclassicismo e Arcadismo são utilizados frequentemente para denominar, de modo abrangente, o conjunto das tendências da época. Em sentido específico, no entanto, devemos distinguir essas denominações, entendendo:
·         Por Arcadismo a poesia convencional das “arcádias” (academias): pastoralismo, bucolismo;
·         Por Neoclassicismo o movimento artístico surgido na Europa nas últimas décadas do século XVIII ( busca do equilíbrio clássico e da perfeição formal, repúdio aos elementos decorativos, exploração de temas históricos e mitológicos).
Na passagem para o século XIX, o Neoclassicismo evolui para o Pré-Romantismo.
A poesia neoclássica brasileira desenvolveu-se sobretudo na região aurífera de Minas Gerais e na nova capital da Colônia (Rio de Janeiro). Vários autores envolveram-se no movimento político denominado Inconfidência Mineira.
Principais autores neoclássicos brasileiros
·         Cláudio Manuel da Costa – Obras poéticas (poesia lírica, 1768) e Vila Rica ( poema épico, 1773).
·         Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu ( liras – poesia lírica) e Cartas chilenas (poesia satírica).
·         Basílio da Gama – O Uraguai ( poema épico, 1769).
·         Frei José de Santa Rita Durão – Caramuru (poema épico, 1781).
Principais convenções da poesia arcádica
1.      Personagens mitológicos utilizados alegoricamente.
2.      Bucolismo e pastoralismo: a vida campestre idealizada e estilizada; o sujeito lírico sempre caracterizado como um pastor; a mulher amada, como uma pastora.
3.      Ambientação no locus amoenus (“lugar ameno”): idealização da natureza, estilizada em cenário perfeito e aprazível (o prado, as flores, os pássaros, a brisa, o riacho murmurante etc.).
4.      Tema do fugere urbem (“ fugir da cidade”): a cidade é vista como o lugar do sofrimento e da corrupção dos homens.
5.      Elogio da aurea mediocritas (“mediania de ouro”): expressão de Horácio (poeta da Roma antiga) para dizer que uma situação de equilíbrio deve ser preferível a qualquer extremo.
6.      Carpe diem (“colha o dia”), tema clássico greco-latino: recomendação para que se aproveite o momento presente. Na poesia lírico-amorosa, o amante procura convencer a amada de que devem viver plenamente o amor, antes que venham a velhice e a morte.

                                                            ATIVIDADE
1. Complete:
 O _____________________ representa a primeira manifestação literária no Brasil que também ficou conhecida como "literatura de informação".
É um período literário que reúne relatos de viagem com características informativas e descritivas. São textos que descrevem as terras descobertas pelos portugueses no século XVI, desde a fauna, a flora e o povo.
2. Responda a respeito da literatura catequética:
Foi padre, historiador, gramático, poeta, teatrólogo e um padre jesuíta espanhol. No Brasil, ele teve a função de catequizar os índios sendo um defensor desse povo contra os abusos dos colonizadores portugueses.
  ______________________________________________________________________

3. (Enem / MEC)
 

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
                                                          CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 12 ago. 2009.

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que
A) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.
B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
 C) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador.
 D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
E) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.
4. COMPLETE:
O _____________________ é um estilo literário que reflete um momento conturbado da história europeia e os ideais da Contrarreforma. Suas  características:  pessimismo; desequilíbrio entre razão e emoção; jogo de contrastes, como expressão da dualidade e da contradição; linguagem rebuscada e contorcida, repleta de figuras de linguagem.
                               
                                TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 5 a 10.
 A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
Gregório de Matos

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;              (forma regular de despedir-se)
Porque quanto mais tenho delinquido,           (pecado; cometido delito)
Vos tenho a perdoar mais empenhado.          

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada            (recuperada)
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

MATOS, Gregório de. Obra poética 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1992, p. 69.

5. Que justificativa utiliza o pecador para não desistir da piedade divina, embora tenha pecado tanto? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Na primeira estrofe, o eu lírico declara que:
a)   Não se considera um pecador, por isso acha justo esperar o perdão de Deus.
b)   Não espera o perdão divino por ser um grande pecador.
c)   Está empenhado em receber o perdão divino, pois acha que faz jus a ele.
d)   Espera a piedade divina, pois, embora seja um grande pecador, sabe que Deus se empenha em salvá-lo.
e)   Deve receber o perdão divino porque pecou bastante, já que Deus se empenha apenas em perdoar os grandes pecadores.

7. Na segunda estrofe, o eu lírico:
a)   Reconhece que tem sofrido com os pecados que cometeu.
b)   Declara que a ira de Deus se abranda ao saber dos pecados dos homens.
c)   Afirma que o arrependimento do pecador abranda a ira de Deus.
d)   Declara não ter certeza de que Deus está irado com ele.
e)   Mostra-se surpreso com o fato de um pecado causar tanta ira em Deus.

8. Nos tercetos, o eu lírico compara seu caso pessoal com um episódio narrado na Bíblia. Essa comparação:
a)   Dá ao eu lírico a certeza de que nunca será perdoado por Deus.
b)   Deixa o eu lírico esperançoso sobre o perdão de Deus.
c)   Faz o eu lírico perceber que perdeu a glória de Deus.
d)   Mostra ao eu lírico que o homem não pode conhecer os desígnios de Deus.
e)   Dá ao eu lírico a certeza de que nunca foi considerado pecador por Deus.


9. “Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,/ Perder na vossa ovelha a vossa glória.”  nos versos destacados percebe-se
a) uma revelação.      b) uma súplica     c) uma desconfiança        d) uma chantagem

10. O texto assemelha-se a  
a) uma carta         b) uma fábula            c) uma oração           d) uma receita

11) Leia o texto e marque a opção CORRETA:
                                                                Carpe Diem
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias,
e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
aprovei-te o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça! 

 Assinale o movimento literário ao qual ele pertence, bem como o seu autor:
a) Romantismo, de autoria de Gonçalves Dias.
b) Arcadismo, de autoria de Santa Rita Durão.
c) Arcadismo, de autoria de Tomás Antônio Gonzaga.
d) Simbolismo, de Alphonsus de Guimaraens.
e) Romantismo, de autoria de Álvares de Azevedo

12. (UF - PR) - "Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que vive de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelado e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!"

O texto tem traços que caracterizam o período literário ao qual pertence. Uma qualidade patente nesta estrofe é:


a) o bucolismo;
b) o misticismo;
c) o nacionalismo;
d) o regionalismo;
e) o indianismo.
                                                         BONS ESTUDOS!



 GABARITO: 1) QUINHENTISMO; 2) Pe. José de Anchieta;  3) C; 4) BARROCO; 5) O pecador diz que não desiste da clemência divina porque quanto mais ele peca mais Deus fica obrigado a perdoá-lo.; 6) D; 7) C; 8) B;   9. D;   10) C; 11) C;   12) A.
              




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