1. (UFMG) Leia estes trechos:
Trecho 1
Colombo sabe perfeitamente que as ilhas já têm nome, de uma certa forma, nomes naturais (mas em outra acepção do termo); as palavras dos outros, entretanto, não lhe interessam muito, e ele quer rebatizar os lugares em função do lugar que ocupam em sua descoberta, dar-lhes nomes justos a nomeação, além disso, equivale a tomar posse.
TODOROV, Tzevetan. A conquista da América, São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 27.
Trecho 2
[...] e a quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos e neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, a saber: primeiramente dum grande monte mui alto e redondo, e de outras serras mais baixas ao sul dele, e de terra chã com grandes arvoredos: ao qual monte alto o Capitão pôs nome o Monte Pascoal, e à terra a Terra da Vera Cruz.
CAMINHA. Pero Vaz de. Carta ao Rei Dom Manuel. Belo Horizonte: Crisálida, 2002. p. 17.
Explicite, comparando os dois trechos, a relação existente entre os atos de nomear e tomar posse.
Nomear algo é dar significação àquilo que, de determinado ponto de vista, não tinha definição e por isso o nomeador se torna "dono" (toma posse) daquilo que "achou". É isso que o texto de Todorov deixa claro: "se eu nomeei algo, logo aquilo me pertence, pois eu achei". O fato é que os colonizadores decidiram nomear uma terra que já estava nomeada pelos nativos, mas que, sob o ponto de vista dos colonizadores, não tinha nome. Como eles a "descobriram", então cabia a eles nomeá-la e tomá-la; sendo uma forma também de introduzir aos habitantes nativos a língua dominante.
2. (UFSC) Textos para a próxima questão.
Texto 1
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador.
[...]
Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitânia. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame, e outras sementes que na terra dá, que eles comem.
[...]
Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam.
[...]
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
A CARTA de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf>.
Acesso em: 03 set. 2011.
Texto 2
Nada mais bucólico que a cidadezinha de Chiloé. O tempo ali parece se arrastar. [...] As construções não ultrapassam três andares. São todas de madeira e ganharam uma suave pátina produzida pelo tempo. Casas com sótãos, janelas com cortinas delicadas, jardineiras floridas, pequenos objetos de decoração e penachos de fumaça saindo pelas chaminés indicam um interior aconchegante. Em toda parte, se sente o perfume da maresia trazida pelos ventos.
Em Chiloé, os homens são do mar, rostos marcados pelo frio. Vestem-se com agasalhos surrados e usam boinas bascas, típicas dos marinheiros espanhóis. [...]
A benevolência parece ser a marca registra- da desses homens do mar. Nas comunidades persiste um dos principais legados da cultura chilote: a minga, uma forma de trabalho coletivo e solidário. [...]
Dia de minga é um dia especial. Participei de um deles, quando um grande número de pessoas se reuniu e, com parelhas de bois, arrastaram e mudaram de lugar nada menos que a casa inteira de um morador. Falei dessa solidariedade com Efraim, velho pescador do vilarejo de Queilén, no momento em que ele pintava o barco do amigo doente. "O mar purifica a arrogância e lava a prepotência", ensinou esse velho lobo do mar.
REALI, H.; REALI, S. Igrejas de Chiloé. Planeta, p. 72-77, set. 2007.
Nota: O texto 1 contém trechos da carta, datada de 1º de maio de 1500, que Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei D. Manuel, relatando os primeiros contatos com a terra e os habitantes do que viria a ser o Brasil. O texto foi adaptado para a ortografia atual. O texto 2, extraído de uma reportagem de revista, trata de Chiloé, um arquipélago no sul do Chile.
Com base na leitura dos textos 1, 2 e da nota de rodapé, assinale a(s) proposição(ões) correta (s).
01. Ambos os textos buscam mostrar aspectos da geografia, da arquitetura e da população local, em uma linguagem essencialmente objetiva, com adjetivação mínima.
02. Tanto no texto 1 quanto no texto 2, a principal intenção é informar os leitores quanto ao potencial econômico do lugar descrito.
(04.) Apesar da grande distância temporal e geográfica, há pelo menos uma importante semelhança entre as populações descritas nos textos 1 e 2, que é o forte senso de vida em comunidade, representada na habitação coletiva e na minga, respectivamente.
08. No texto 1, os indígenas são retratados de forma depreciativa, como seres destituídos do senso de vergonha e incapazes de se engajar em atividades econômicas que lhes permitiriam um padrão de vida mais elevado, como a agricultura e a criação de animais.
16. Na fala de Efraim, transcrita ao final do texto 2, temos uma prosopopeia: o mar, humanizado, é mostrado como arrogante e prepotente.
Soma: 4 (04)
3. (Mack-SP)
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. [...] E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau [...]. E assim seguimos nosso caminho por este mar de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram pilotos diziam, vinte e um dias de abril, estando da dita ilha obra de 660 léguas, segundo os 'topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os 'mareantes chamam "botelho [...]. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que
chamam 'fura-buxos. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!
"Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo [...]; ao monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal, e à terra, A Terra de Vera Cruz.
Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal
Assinale a alternativa correta acerca do texto.
a) No contexto em que se inserem, as expressões "topamos alguns sinais de terra" (ref. 1) "e
houvemos vista de terra" (ref. 2) têm o mesmo sentido: "enxergamos o continente americano".
(b) As nomeações referidas na carta - "O Monte Pascoal" e "A Terra de Vera Cruz" (ref. 3) - refletem valores ideológicos da cultura portuguesa.
c) "Os mareantes" (ref. 4), por influência da cultura indígena, apelidaram as "ervas compridas" (ref. 5) de "botelho" (ref. 6) e as aves de "fura-buxos" (ref. 7).
d) A expressão "dita ilha" (ref. 8) indica que os navegantes portugueses confundiram a Ilha de S.
Nicolau com o Brasil.
e) Embora se apresente em linguagem objetiva, o trecho da carta revela, devido ao excesso de
adjetivações (ref. 9, por exemplo), a euforia dos portugueses ao descobrirem o tão sonhado "Eldorado".
4. (UnB-DF)
Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixa rei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que - para o bem contar e falar, o saiba fazer pior que todos
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvore dos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruito, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e ele a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença.
Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.
E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E, se algum pouco me alongei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Pero Vaz de Caminha (Jaime Cortesão, A carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1943, p. 199-241.
Coleção Clássicos e Contemporâneos.)
Evidenciando a leitura compreensiva do texto, julgue os itens a seguir.
(V) Diferentemente de outros documentos do século XVI acerca da descoberta do Brasil, hoje esque- cidos, a carta de Pero Vaz de Caminha continua a ser lida devido à sua importância histórica e, também, por conter elementos da função poética da linguagem.
(F) A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada pela história brasileira o primeiro documento publicitário oficial do país.
(V) A carta de Caminha é um texto essencialmente descritivo.
(F) Pero Vaz de Caminha foi o único português a enviar notícias da descoberta do Brasil ao rei de Portugal.
(F) Segundo Caminha, os habitantes da Ilha de Vera Cruz eram desavergonhados.
5. (Udesc) O movimento literário que retrata as ma- nifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento, e durante o século XVI, é conhecido como Quinhentismo ou Literatura de In- formação. Analise as proposições em relação a este período.
I. A produção literária no Brasil, no século XVI, era restrita às literaturas de viagens e jesuíticas de caráter religioso.
II. A obra literária jesuítica, relacionada às ativida- des catequéticas e pedagógicas, raramente as- sume um caráter apenas artístico. O nome mais destacado é o do padre José de Anchieta.
III. O nome Quinhentismo está ligado a um referencial cronológico - as manifestações literárias no Brasil tiveram início em 1500, época da colonização portuguesa - e não a um referencial estético.
IV. As produções literárias neste período prendem- -se à literatura portuguesa, integrando o conjunto das chamadas literaturas de viagens ultramarinas, e aos valores da cultura greco-latina.
V. As produções literárias deste período constituem um painel da vida dos anos iniciais do Brasil
colônia, retratando os primeiros contatos entre os europeus e a realidade da nova terra.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
(C) Somente as afirmativas I, II, III e V são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
6. (UCS-RS) Com base na Carta do Achamento, de Pero Vaz de Caminha, considere as seguintes afirmações.
I. Na Carta, o escrivão Caminha descreve o descobrimento de uma nova terra, chamando a atenção para a beleza natural, a fertilidade, a cordialidade dos índios e as riquezas.
II. No texto, é possível perceber um dos objetivos da expansão marítima de Portugal: catequização dos gentios para a ampliação do mundo cristão.
III. A Carta, um dos relatos que fazem parte da literatura informativa sobre o Brasil, é considerada mais um documento histórico do que uma obra literária.
Das afirmativas acima, pode-se dizer que:
a) apenas 1 está correta.
b) apenas III está correta.
c) apenas I e II estão corretas.
d) apenas II e III estão corretas.
(e) 1, II e III estão corretas.
7. (Ufla-MG) Sobre a produção da literatura de informação, é correto afirmar que:
a) a prática do canibalismo e a poligamia dos indígenas foram vistas com naturalidade pelos portu- gueses, por considerá-los avessos a qualquer comportamento de civilidade.
b) a "certidão de nascimento" do Brasil - carta escrita por Pero Vaz de Caminha-não é considerada um documento fidedigno, em razão da forte influência religiosa.
c) os escritos dos cronistas e viajantes tinham caráter marcadamente descritivo, já que se empenhavam em fazer levantamentos da fauna, flora, rios, gentes do mundo tropical.
d) os primeiros relatos revestiam-se de um caráter intimista, amistoso. O nativo é descrito como um ser humano de grande valor e as diversidades culturais são sempre respeitadas e admiradas.
8. (UPE)
"Ali ficamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dela, entre esse arvoredo, que é tanto, tamanho, tão basto e de tantas prumagens, que homens as não podem contar. Há entre ele muitas palmas, de que colhemos muitos e bons palmitos."
"Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem nenhuma crença. E, portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa."
"Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos."
Partindo da leitura das três citações da Carta de Pero Vaz de Caminha, analise os itens a seguir:
I. Trata-se de um documento histórico que exalta a terra descoberta mediante o uso de expressões valorativas dos hábitos e costumes de seus ha- bitantes, o que, de um lado, revela a surpresa dos portugueses recém-chegados, de outro, tem a intenção de instigar o rei a dar início à colonização.
II. Ao afirmar que os habitantes da nova terra não têm nenhuma crença, Caminha faz uma avaliação que denota seu desconhecimento sobre a cultura daqueles que habitam a terra descoberta, pois todos os grupos sociais, primitivos ou não, têm suas crenças e mitos.
III. Caminha usa a conversão dos gentios como argumento para atrair a atenção do Rei Dom Manuel sobre a terra descoberta, colocando, mais uma vez, a expansão da fé cristã como bandeira dos conquistadores portugueses.
IV. Ao afirmar que os habitantes da terra lavram nem criam, alimentam-se do que a natureza lhes oferece, Caminha tece uma crítica à inaptidão e inércia daqueles que vivem mal, utilizando, por desconhecimento, as riquezas naturais da região.
V. As citações revelam que a Carta do Achamento do Brasil tem por objetivo descrever a nova terra de modo a atrair os que estão distantes pela riqueza e beleza de que é possuidora.
Estão corretos, apenas:
a) I, II e IV.
b) I, II, III e V.
c) I , II e III .
d) II e IV.
e) I e II.
9. (UPE)
Auto de São Lourenço
(Primeiro Ato)
(Cena do martírio de São Lourenço)
Bom Jesus, quando te vejo
Na cruz, por mim flagelado,
Eu por ti vivo e queimado
Mil vezes morrer desejo
Pois teu sangue redentor
Lavou minha culpa humana,
Arda eu, pois, nesta chama
Com fogo do teu amor.
O fogo do forte amor,
Ah, meu Deus!, com que me amas
Mais me consome que as chamas
E brasas, com seu calor.
Pois teu amor, pelo meu,
Tais prodígios consumou,
Que eu, nas brasas onde estou,
Morro de amor pelo teu.
ANCHIETA, José. O auto de São Lourenço. Trad. Walmyr Ayala Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 110
Considerando a leitura do Primeiro Ato do Auto de São Lourenço, escrito por José de Anchieta, analise as afirmativas a seguir:
I. São Lourenço tem convicção de que seu sacrifício vale a pena, por ser esse um forte compromisso religioso, portanto uma prova viva e contundente de amor a Deus, o que se confirma no verso "Mil vezes morrer desejo".
II. O eu lírico demonstra não ter consciência da importância do "Bom Jesus" para a sua vida e para a vida de seu povo. Isso fica claro nos versos "Eu por ti vivo e queimado/ Mil vezes morrer desejo".
III. O Auto de São Lourenço foi escrito por Anchieta, visando à difusão dos preceitos da religião
católica, tendo em vista que uma das principais missões dos jesuítas no Brasil era a catequese dos povos indígenas brasileiros.
IV. São Lourenço, quando de seu sacrifício a Deus, demonstra um profundo sentimento de alegria, objetivando, com isso, impressionar os povos indígenas brasileiros e ensiná-los como temer as ordens divinas.
V. Há elementos representativos da linguagem conotativa e, embora esse auto de Anchieta, de função claramente religiosa, não tenha um esquema de rimas tradicionais como o soneto, observa-se que nele há um ritmo cadenciado nos versos.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III.
(b) I, III e V.
c) II, III e IV.
d) II, III e V.
e) III, IV e V.
Nenhum comentário:
Postar um comentário