FACULDADE KURIOS / FAK
PROFESSORA
ESPECIALISTA: ÉLLIDA VERIDIANE
DISCIPLINA:
LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
CURSO:
LETRAS PORTUGUÊS
PRÉ-MODERNISMO
SEMANA DE
ARTE MODERNA
MODERNISMO
PRIMEIRA FASE
MODERNISTA
SEGUNDA FASE
MODERNISTA
TERCEIRA FASE
MODERNISTA
TENDÊNCIAS
CONTEMPORÂNEAS
Angical, março de 2018
O PRÉ-MODERNISMO
Lembro, a propósito, que o
Pré-Modernismo não chegou a constituir um movimento literário, e sim um
período de transição entre o Realismo /Naturalismo /Simbolismo e o Modernismo.
Percebe-se, sem dúvida, que período de transição foi consequência da convivência
entre várias tendências artísticas ainda não totalmente superadas e algumas
novidades de linguagem e de ideologia.
O período inicia em 1902 com a
publicação de dois importantes livros: Os Sertões, de Euclides da
Cunha e Canaã, de Graça Aranha – e se estende até o ano de 1922,
com a realização da Semana de Arte Moderna. Os escritores pré-modernistas, ao
contrário dos realistas / naturalistas, interessavam-se pela realidade
brasileira (nossa literatura mostrava necessidade de renovação, pois estava
muito pouco brasileira, cheia de antiguidades e formalidades), por assuntos do
dia-a-dia dos brasileiros, dando, assim, origem a obras de nítido caráter
social.
Graça Aranha, por exemplo, retrata em
seu romance a imigração alemã no Espírito Santo; Euclides da Cunha aborda o
tema da guerra e do fanatismo religioso em Canudos, no sertão da Bahia. Lima
Barreto, mesmo sendo um escritor marginalizado pelas elites, procurou abordar
como temas o preconceito de cor na sociedade do Rio de Janeiro, o ambiente
político da República velha, a vida do homem suburbano, o cotidiano do subúrbio
carioca, o ambiente das repartições públicas, os favoritismos políticos e a
burocracia. Monteiro Lobato descreve a miséria do caboclo na região decadente
do Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo. Para tanto criou a personagem Jeca
Tatu para denunciar a situação crítica que vivia o homem do interior.
O Pré-Modernismo:
Incorpora as tensões sociais do
período.
Mantém o regionalismo, nascido do
Romantismo, mas com características diversas daquelas que o marcaram.
Denuncia a realidade brasileira
(retrato do Brasil das contradições).
Nega o Brasil literário herdado do
Romantismo e do Parnasianismo.
Incorpora o regionalismo critico –
diferente do regionalismo idealizador do romantismo. Regionalismo dos caboclos
interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo. Essa
"descoberta do Brasil" é a principal herança desses autores para o
movimento modernista, iniciado em 1922.
Busca textos numa linguagem mais
simples, que se aproxime do coloquial, embora não se verifique essa preocupação
na obra de todos os pré-modernistas.
____________________________________
Bibliografia: BOSI, Alfredo – História
Concisa da Literatura Brasileira, 3ªed., São Paulo, Cultrix.
VERÍSSIMO, José – História da
Literatura Brasileira, Rio de Janeiro, Record, 1998.
BANDEIRA, Manuel – Seleta de
Prosa, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997.
Ricardo Sérgio
Obs: Augusto dos Anjos recebeu fortes
influências simbolistas e de outras escolas, mas seu vocabulário, suas
divagações metafísicas, associam-se ao Pré-Modernismo, por não ser possível encaixá-lo
em qualquer outra escola ou tendência literária. Traduz um pessimismo doentio,
numa visão fatalista da humanidade.
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos ANJOS,
A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
O texto a seguir é um fragmento da crônica Urupês
de Monteiro Lobato.
TEXTO I
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito
no romance e feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca
filósofo...
Quando comparece às feiras, todo
mundo logo adivinha o que ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo
mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher - cocos de tucum ou
jissara, guabirobas, bacuparis, maracujás, jataís, pinhões, orquídeas; ou
artefatos de taquarapoca - peneiras, cestinhas, samburás, tipitis, pios de
caçador; ou utensílios de madeira mole - gemelas, pilõezinhos, colheres de pau.
Nada Mais.
Seu grande cuidado é espremer todas
as consequências da lei do menor esforço - e nisso vai longe.
Um terreirinho descalvado rodeia a
casa. O mato o beira. Nem árvores frutíferas, nem horta, nem flores - nada
revelador de permanência.
Há mil razões para isso: porque não é
a sua terra; porque se o "tocarem" não ficará nada que a outrem
aproveite; porque para frutas há o mato; porque a "criação" come;
porque....
_ Mas, criatura, com um vedozinho por
ali... A madeira está à mão o cipó é tanto...
Jeca, interpelado, olha para o morro
coberto de moirões, olha para o terreiro nu, coça a cabeça e cuspilha.
_ Não paga a pena.
Todo o inconsciente filosofar do
caboclo grulha nessa palavra atravessada de fatalismo e modorra.
Nada paga a pena. Nem culturas, nem
comodidades.
De qualquer jeito se vive.
a) O texto descreve Jeca Tatu em três
papéis: o de mercador, o de lavrador e o de filósofo. Como se sai Jeca nesses
papéis?
b) Que comportamentos de Jeca comprovam a afirmação
do narrador de que “ Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da
lei do menor esforço”?
A SEMANA DE ARTE MODERNA
Em 1917, a pintora, desenhista, e
professora Anita (Catarina) Malfatti (1889 – 1964), fez uma exposição em
São Paulo, trazendo novidades a pintura. Houve críticas violentas; taxaram-na
de louca e de paranoica. Os artistas modernistas se uniram em sua defesa, e
na arte diferente que precisavam revelar ao país. Por conta
disso, no início de 1922, organizaram entre os dias 11 e 18 de fevereiro, a
chamada Semana da Arte Moderna: festivais de pintura, escultura,
literatura e música. Graça Aranha foi escolhido pelo grupo para liderar a
Semana de Arte Moderna, cuja ideia surgiu durante uma exposição de pintura de
Di Cavalcanti, na livraria de Jacinto Silva, onde habitualmente se reunia um
grupo de jovens escritores e artistas.
A 29 de janeiro de 1922, O Estado de
São Paulo noticiava: "Por iniciativa do festejado escritor, Senhor Graça
Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em São Paulo uma 'Semana de
Arte Moderna', em que tomarão parte os artistas, que, em nosso meio,
representam as mais modernas correntes artísticas."
Realizaram-se três espetáculos durante
a Semana, nos dias 13, 15 e 17. O programa do primeiro festival compreendia a
conferência de Graça Aranha – "A emoção estética na Arte Moderna",
ilustrada com música de Ernani Braga e poesia de Guilherme de Almeida e Ronaldo
de Carvalho, ao que se segue um concerto de música de Villa-Lobos.
A grande noite da Semana foi à segunda,
entretanto houve algazarra, assobios e vaias. No terceiro espetáculo, dia 17, o
concerto de Villa-Lobos foi perturbado, principalmente, porque se supôs fosse
"futurismo" o artista se apresentar de casaca e chinelo, quando o
compositor assim se calçava por estar com um calo arruinado.
No intervalo entre uma parte e outra do
programa, Mário de Andrade pronunciou breve palestra, na escadaria interna do
Municipal, sobre a exposição de artes plásticas ali apresentadas, justificando
as "alucinantes criações dos pintores futuristas". Vinte anos após o
episódio Mário de Andrade escreveria: "Como pude fazer uma conferência
cercado de anônimos que me caçoavam e ofendiam a valer".
Foi intenso o impacto junto ao público,
que reagiu com incompreensão das novas tendências. Muitos artistas que mais
tarde se tornaram famosos, foram vaiados: Di Cavalcante, Vila Lobos, Mário de
Andrade, Oswald de Andrade, Menot del Picchia, Afonso Schmidt, Guilherme de
Almeida, entre outros. Apesar das vaias, os artistas conseguiram o que queriam:
o escândalo; chocar para mudar; apresentar "ousadas novidades", que
revelassem a realidade brasileira como tal; espaço nos jornais; polêmicas e
comentários. Sua arte estava divulgada.
Os modernistas não aceitaram serem
chamados de futuristas. Menotti, orador oficial das noites, assim afirma:
"A nossa estática é de reação. Como tal é guerreira. O termo futurista,
com que erradamente a etiquetaram, aceitamo-lo porque era um cartel de
desafio". Na verdade não havia uma única tendência que os unia. Seu
objetivo comum era renovar e atualizar a Arte Brasileira. O resto eram
diferenças. ®Sérgio.
Os Sapos
(Manuel Bandeira)
Enfunando os papos,
Saem da penumbra
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" -- "Foi!" -- "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas . . ."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei" - "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo."
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugindo ao mundo,
Enfunando os papos,
Saem da penumbra
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" -- "Foi!" -- "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas . . ."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei" - "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo."
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugindo ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo cururu
Da beira do rio...
Contexto histórico:
Corrente artística que surgiu na última década do século XIX, como resposta às consequências da industrialização, valorizando novamente a arte e a sua forma de realização: manual.
Na Europa, essa vanguarda tem como marca o avanço tecnológico e científico do início do século XX. Nesse período, o cotidiano das pessoas sofre uma verdadeira revolução com a supervalorização do progresso e da máquina. O Capitalismo entra em crise dando início à Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). A seguir, a crise financeira, oriunda do conflito, leva à Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), e nos anos intermediários, conhecidos como “os anos loucos”, as pessoas passam a conviver com a incerteza e com o desejo de viver somente o presente.
Termo:
No Brasil, o termo identifica o movimento desencadeado pela Semana de Arte Moderna de 1922.
Características:
- Desejo de liberdade de criação e expressão;
- Ideias nacionalistas;
- Visava emancipar-se da dependência europeia;
- Três fases como características particulares.
PRIMEIRA FASE
De 1922 a 1930
Escritores marcantes: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado.
- Ideias nacionalistas;
- Visava emancipar-se da dependência europeia;
- Três fases como características particulares.
PRIMEIRA FASE
De 1922 a 1930
Escritores marcantes: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado.
Esses artistas promoveram a liberdade da arte, rompendo com a
sintaxe, valorizando a língua brasileira (o coloquialismo, os erros comuns da
fala cotidiana), estabelecendo a liberdade formal (versos livres, ausência de
rimas, poema-piada), trabalhando o sarcasmo, a ironia, e buscando no folclore
as raízes da cultura local. A essa fase deu-se o nome de fase heroica ou de
destruição.
Poemas-piada
de Oswald de Andrade
Amor
Humor
o capoeira
— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Macunaíma (Mário de Andrade)
No
fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto
e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande
escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma criança
feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais
de seis anos não falando. Sio incitavam a falar exclamava:
- Ai! que preguiça!. . .
e não dizia mais nada."] Ficava no
canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e
principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de
homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si
punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também
espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o
tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa
dos guaimuns diz-que habitando a água-doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã
se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela,
cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos, e
frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacorocô a cucuicogue,
todas essas danças religiosas da tribo.
Quando
era pra dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como
a rede da mãe estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na velha,
espantando os mosquitos bem. Então adormecia sonhando palavras-feias,
imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar.
Nas
conversas das mulheres no pino do dia o assunto eram sempre as peraltagens do
herói. As mulheres se riam muito simpatizadas, falando que "espinho que
pinica, de pequeno já traz ponta", e numa pajelança Rei Nagô fez um
discurso e avisou que o herói era inteligente.
Nem bem
teve seis anos deram água num chocalho pra ele e Macunaíma principiou falando
como todos. E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na cevadeira e
levasse ele passear no mato. A mãe não quis porque não podia largar da mandioca
não. Macunaíma choramingou dia inteiro. De noite continuou chorando. No outro
dia esperou com o olho esquerdo dormindo que a mãe principiasse o trabalho.
Então pediu pra ela que largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e
levasse ele no mato passear. A mãe não quis porque não podia largar o paneiro
não. E pediu pra nora, companheira de Jiguê que levasse o menino. A companheira
de Jiguê era bem moça e chamava Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém
desta vez Macunaíma ficou muito quieto sem botar a mão na graça de ninguém. A
moça carregou o piá nas costas e foi até o pé de aninga na beira do rio. A água
parará pra inventar um ponteio de gozo nas folhas do javari. O longe estava
bonito com muitos biguás e biguatingas avoando na estrada do furo. A moça botou
Macunaíma na praia porém ele principiou choramingando, que tinha muita
formiga!... e pediu pra Sofará que o levasse até o derrame do morro lá dentro
do mato, a moça fez. Mas assim que deitou o curumim nas tiriricas, tajás e
trapoerabas da serrapilheira, ele botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo.
Andaram por lá muito.
Quando
voltaram pra maloca a moça parecia muito fatigada de tanto carregar piá nas
costas. Era que o herói tinha brincado muito com ela. Nem bem ela deitou
Macunaíma na rede, Jiguê já chegava de pescar de puçá e a companheira não
trabalhara nada. Jiguê enquizilou e depois de catar os carrapatos deu nela
muito. Sofará agüentou a sova sem falar um isto.
Jiguê
não desconfiou de nada e começou trançando corda com fibra de curauá.
[...]
ANDRADE,Mário
de.Macunaíma:o herói sem nenhum caráter. 23. ed. Belo Horizonte:
Itatiaia. 1986. p. 9-10. (Coleção Buriti, 41.)
Evocação do Recife (Manuel Bandeira)
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.
http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/evocacao.htm
SEGUNDA FASE
Situada entre 1930 e 1945: a Era Vargas e a Segunda Guerra Mundial marcaram a produção literária da segunda geração modernista. A poesia e a prosa, revestidas de forte engajamento político, serviram de instrumentos de denúncia da realidade brasileira.
SEGUNDA FASE
Situada entre 1930 e 1945: a Era Vargas e a Segunda Guerra Mundial marcaram a produção literária da segunda geração modernista. A poesia e a prosa, revestidas de forte engajamento político, serviram de instrumentos de denúncia da realidade brasileira.
O
aprimoramento da linguagem passou a ser a maior preocupação dos autores dessa
geração. A essa fase deu-se o nome de fase
de construção.
A segunda geração valorizou a liberdade conquistada pela geração de 1922, a ponto de propor ao artista não apenas o uso de versos livres e brancos, mas também das formas fixas e tradicionais.
A segunda geração valorizou a liberdade conquistada pela geração de 1922, a ponto de propor ao artista não apenas o uso de versos livres e brancos, mas também das formas fixas e tradicionais.
A
POESIA
Escritores marcantes: Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Tasso da Silveira, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e, sobretudo, Carlos Drummond de Andrade.
Escritores marcantes: Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Tasso da Silveira, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e, sobretudo, Carlos Drummond de Andrade.
Retrato
Eu
não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.
Eu
não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas,
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
tão paradas e frias e mortas,
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu
não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa e fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"
tão simples, tão certa e fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"
(Cecília
Meireles)
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius
de Morais)
Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
A PROSA
DA SEGUNDA GERAÇÃO
·
O regionalismo do nordeste
·
O romance psicológico
Escritores
marcantes: Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado
e Erico Verissimo.
Vidas
secas (1938), de Graciliano Ramos - fragmento
Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara
naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do
pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a
mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos _ e a
lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
_Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se, na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: _Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
Chegara naquela situação medonha _ e ali estava, forte até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e semente de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xique-xiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra baleia estavam agarrados à terra.
Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.
Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que demorava demais, tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os tinha abrigado uma noite.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
_Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se, na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: _Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
Chegara naquela situação medonha _ e ali estava, forte até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e semente de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xique-xiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra baleia estavam agarrados à terra.
Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.
Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que demorava demais, tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os tinha abrigado uma noite.
Camarinha:
quarto; esconderijo de malfeitores no mato.
Gretado:
rachado.
Aió: bolsa de caça.
Binga:
lampião de querosene; isqueiro tosco.
Mucunã:
espécie de planta.
Quipá:
vegetação nordeste
Xiquexique:
espécie de cacto.
Baraúna:
espécie de árvore.
Gutural:
relativo ou pertencente à garganta.
Cambaio: de
pernas fracas, trôpego.
O QUINZE – RACHEL DE QUEIROZ - CAPÍTULO 12
Eles tinham saído na véspera, de manhã, da Canoa. Eram duas horas da tarde. Cordulina, que vinha quase cambaleando, sentou-se numa pedra e falou, numa voz quebrada e penosa:
- Chico, eu não posso mais... Acho até que vou morrer. Dá-me aquela zoeira na cabeça!
Chico Bento olhou
dolorosamente a mulher. O cabelo, em falripas sujas, como que gasto, acabado,
caía, por cima do rosto, envesgando os olhos, roçando na boca. A pele,
empretecida como uma casca, pregueava nos braços e nos peitos, que o casaco e a
camisa rasgada descobriam.
...
No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um gemido abafado, a mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes. E com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste que era mais uma tentativa do que um gesto.
No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um gemido abafado, a mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes. E com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste que era mais uma tentativa do que um gesto.
Lentamente o vaqueiro
voltou as costas; cabisbaixo, o Pedro o seguiu. E foram andando à toa,
devagarinho, costeando a margem da caatinga.
[...]
De repente, um bé!,
agudo e longo, estridulou na calma.
E uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a
cabeça por entre a orla de galhos secos do caminho, aguçando os rudimentos de
orelha, evidentemente procurando ouvir, naquela distensão de sentidos, uma
longínqua resposta a seu apelo.
Chico Bento, perto,
olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera, os olhos afogueados. O
animal soltou novamente o seu clamor aflito.
Cauteloso, o vaqueiro
avançou um passo. E de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de
jucázuniu; a cabra entonteceu, amunhecou, e caiu em cheio por terra. Chico
Bento tirou do cinto a faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara quem lhe
desse um tostão por ela.
Abriu no animal um
corte que foi de debaixo da boca até separar ao meio o úbere branco de tetas
secas, escorridas.
[...]
Mas Pedro, que fitava a estrada, o interrompeu:
- Olha, pai!
- Olha, pai!
Um homem de mescla azul vinha para eles em grandes passadas.
Agitava os braços em fúria, aos berros:
- Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!
- Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!
Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e, ainda
de cócoras, tartamudeava explicações confusas.
O homem avançou,
arrebatou-lhe a cabra e procurou enrolá-la no couro.
Dentro da sua
perturbação, Chico Bento compreendeu apenas que lhe tomavam aquela carne em que
seus olhos famintos já se regalavam, da qual suas mãos febris já tinham sentido
o calor confortante.
E lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o Duquinha tão morto que já nem chorava...
Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam pela face áspera, suplicou, de mãos juntas:
- Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao menos, que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! Já caíram com a fome!...
E lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o Duquinha tão morto que já nem chorava...
Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam pela face áspera, suplicou, de mãos juntas:
- Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao menos, que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! Já caíram com a fome!...
- Não dou nada!
Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem vergonha!
A energia abatida do
vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra.
Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.
Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.
E o homem disse
afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e atirando-as para o
vaqueiro:
- Tome! Só se for
isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se tripas é até
demais!...
A faca brilhava no
chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos de Chico Bento. Veio-lhe um ímpeto
de brandi-la e ir disputar a presa, mas foi ímpeto confuso e rápido. Ao gesto
de estender a mão, faltou-lhe o ânimo.
O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente envolvido no couro e marchava para a casa cujo telhado vermelhava, lá além.
O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente envolvido no couro e marchava para a casa cujo telhado vermelhava, lá além.
Pedro, sem perder
tempo, apanhou o fato q ficara no chão e correu para a mãe.
Chico Bento ainda
esteve uns momentos na mesma postura, ajoelhado. E antes de se erguer, chupou
os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida.
http://mateussobrinho2015.blogspot.com.br/2015/05/o-quinze.html
TERCEIRA FASE
Situada entre 1945 até os nossos dias.
Ruptura com a 1ª e a 2ª fase modernista, experimentação estética e a busca por uma nova expressão literária foram as principais características da terceira geração modernista.
Grandes escritores,
preocupados principalmente com a pesquisa em torno da própria linguagem,
surgiram, pois o contexto político, relativamente tranquilo em relação às
gerações anteriores, fomentou o trabalho estético e linguístico, pois menos
exigidos social e politicamente, puderam explorar com maior afinco a forma
literária, tanto na prosa quanto na poesia. Em 1945, terminada a Segunda Guerra
Mundial e, no Brasil, a ditadura de Vargas, o Brasil vivia um período
democrático e desenvolvimentista, cujo ápice ocorreu nos anos de governo do
presidente Juscelino Kubitschek.
Destacam-se
como nomes de maior expressão da terceira geração modernista:
→ João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
→ Clarice Lispector (1920-1977)
→ João Guimarães Rosa (1908-1967)
→ Ariano Suassuna (1927-2014)
→ Lygia Fagundes Telles (1923)
→ Mário Quintana (1906-1994)
→ Clarice Lispector (1920-1977)
→ João Guimarães Rosa (1908-1967)
→ Ariano Suassuna (1927-2014)
→ Lygia Fagundes Telles (1923)
→ Mário Quintana (1906-1994)
Fragmentos de Morte e vida Severina (João Cabral de Melo Neto)
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
[...]
O carpina fala com o retirante que esteve de fora, sem tomar
parte em nada.
-Severino retirante,
deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
(Clarice Lispector, A hora da estrela)
(...)
Ele se aproximou e com voz
cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.
— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
— Macabéa.
— Maca — o quê?
— Bea, foi ela obrigada a completar.
— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem, mas parece que deu certo — parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.
— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
— Macabéa.
— Maca — o quê?
— Bea, foi ela obrigada a completar.
— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem, mas parece que deu certo — parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
[...]
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
A literatura da primeira década do século XXI está diretamente
ligada às tendências que se formaram na segunda metade do século XX.
Metalinguagem, experimentalismo formal, engajamento social, mistura de
tendências estéticas são alguns traços que marcam a produção contemporânea.
As principais vanguardas poéticas
prendem-se aos grupos:
- Concretismo
- Poesia
práxis
- Poesia Social
- Tropicalismo
- Poesia
Marginal
Características
As principais características da
literatura contemporânea são:
·
Mistura
de tendências estéticas (ecletismo)
·
União
da arte erudita e da arte popular
·
Prosa
histórica, social e urbana
·
Poesia
intimista, visual e marginal
·
Temas
cotidianos e regionalistas
·
Engajamento
social e literatura marginal
·
Experimentalismo
formal
·
Técnicas
inovadoras (recursos gráficos, montagens, colagens, etc.).
·
Formas
reduzidas (minicontos, minicrônicas, etc.)
·
Intertextualidade
e metalinguagem
Segue abaixo alguns escritores da
literatura brasileira contemporânea:
·
Ariano Suassuna (1927-2014): escritor paraibano,
escreveu poesias e romances, ensaios e obras de dramaturgia. Desde 1990 ocupou
a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras. É autor de “Auto da Compadecida” (1955) e “O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do
Sangue do Vai-e-Volta” (1971).
·
Antônio Callado (1917-1997): escritor e jornalista nascido em
Niterói, Antônio Callado escreveu obras de dramaturgia, biografia e romances,
dos quais se destacam os romances “A Madona de Cedro”
(1957) e “Quarup” (1967); e as obras de
dramaturgia “O tesouro de Chica da Silva” (1962)
e “Forró no Engenho Cananeia” (1964).
·
Adélia Prado (1935-): nascida na cidade de Divinópolis, em Minas gerais, Adélia
Prado escreveu poesias, romances e contos. De sua produção literária
destacam-se: o livro de poesias “Bagagem” (1976) e
o romance “O Homem da Mão Seca” (1994).
·
Cacaso (1944-1987): poeta mineiro nascido em Uberaba, Antônio Carlos de Brito
foi grande destaque na poesia marginal. De suas obras destacam-se os livros de
poesias “Na corda bamba” (1978) e "Mar de Mineiro" (1982).
·
Caio Fernando Abreu (1948-1996): escritor gaúcho nascido em Santiago,
Rio Grande do Sul, Caio escreveu contos, romances, novelas e obras de
dramaturgia, das quais se destacam: o livro de contos “Morangos Mofados” (1982) e o
romance “Onde Andará Dulce Veiga?” (1990).
·
Carlos Heitor Cony(1926-2018): nascido no Rio de
Janeiro, Carlos é escritor e jornalista, dono de uma vasta obra. Membro da
Academia Brasileira de Letras desde 2000, ele escreveu contos, crônicas,
romances, ensaios, obras infanto-juvenis, roteiros de cinema, telenovelas,
documentários, dentre outros. De sua obra destacam-se os romances “Pessach: a travessia” (1975) e “Quase Memória” (1995).
·
Cora Coralina (1889-1985): Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em
Goiás. Escreveu poesias e contos utilizando o pseudônimo Cora Coralina. De sua
obra destacam-se o livro de poesias “Poemas dos Becos de Goiás e
estórias mais” (1965) e o livro de contos “Estórias da Casa Velha da Ponte”
(1985).
·
Dalton Trevisan (1925-): escritor paranaense nascido em Curitiba,
Dalton é um dos mais destacados contistas da literatura contemporânea. Por ser
uma figura excêntrica e misteriosa Dalton Trevisan ficou conhecido pelo nome o
“Vampiro de Curitiba”. De sua obra merecem destaque o livro de contos “O Vampiro de Curitiba” (1965) e a
recente obra de minicontos denominada “111 Ais” (2000).
·
Ferreira Gullar (1930-2016): escritor maranhense
nascido em São Luís, Ferreira Gullar é membro da Academia Brasileira de Letras
desde 2014. Escreveu poesia, contos, crônicas, ensaios, memórias, biografias,
das quais se destacam os livros de poesias “Poema Sujo”
(1976) e “Em Alguma Parte Alguma” (2010). Sem
dúvida seu ensaio mais conhecido é a “Teoria do não-objeto”
(1959).
·
Lya Luft (1938): nascida na cidade de Santa Cruz do Sul, no estado do Rio
Grande do Sul, Lya é escritora, tradutora e professora. Possui uma vasta obra literária
desde romances, poesias, contos, ensaios e livros infantis das quais se
destacam: “Canções de Limiar” (1964) e “Perdas e Ganhos” (2003).
·
Millôr Fernandes (1923-2012): nascido no Rio de Janeiro, Millôr
Fernandes é um artista multifacetado. Foi escritor, jornalista, dramaturgo e
desenhista (cartunista). Sua obra literária está repleta de ironia, humor e
sarcasmo, da qual se destaca: “Hai-Kais” (1968),
“Millôr Definitivo: A Bíblia do Caos”
(1994) e “A Entrevista” (2011).
·
Murilo Rubião (1916-1991): escritor e jornalista mineiro, Murilo foi redator de
jornal e revista, se destacando na literatura com sua obra de contos: “O ex-mágico” (1947), “O pirotécnico Zacarias” (1974) e “O Convidado” (1974).
·
Nélida Pinõn (1937-): escritora nascida no Rio de Janeiro, Nélida Piñon foi
jornalista e editora. Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1989,
Nélida escreveu ensaios, romances, contos, crônicas, e obras de literatura
infantil, das quais se destacam o romance “A casa da paixão”
(1977) e o livro de contos “O pão de cada dia: fragmentos”
(1994).
·
Paulo Leminski (1944-1989): escritor curitibano pertencente à geração mimeógrafo
ou literatura marginal, Paulo escreveu poesia, ensaios, romances, contos, obras
de literatura infantil. De sua obra merecem destaque o livro de poesia “Distraídos Venceremos” (1987) e o
romance “Agora é que são elas” (1984).
·
Rubem Braga (1913-1990): nascido no Espírito Santo, no município de
Cachoeiro de Itapemirim, Rubem Braga é considerado um dos maiores cronistas do
país. De sua obra destacam-se “Crônicas do Espírito Santo”
(1984) e “O Verão e as Mulheres” (1990).
REFERÊNCIAS:
tapeteliterario.blogspot.com
Cereja, William Roberto
Português
linguagens: volume 3 /William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. __
7. ed. reform. __ São Paulo: Saraiva, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário