quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Há males que vêm para o bem (relato pessoal)



                             Há males que vêm para o bem

Era um dia à tarde. Eu morava em Teresina com meus padrinhos e estava em casa sozinha quando decido ligar para minha vó e falar que queria muito morar com ela e com minha mãe. Mas nós conversamos tanto sobre outras coisas, que quando eu ia soltar a bomba, chegou uma pessoa na casa dela e teve que desligar. Os dias foram passando e eu sem tirar aquela ideia fixa da cabeça. Logo eu liguei pra ela de novo, o telefone tocou várias vezes e nada da minha vó atender. Então eu pensei que algo importante havia acontecido por lá.
No outro dia eu ligo novamente, mas dessa vez ela atendeu e deu-me uma péssima notícia: ela e minha mãe tinham discutido por motivos que eu até hoje não tenho conhecimento e por isso minha mãe deixou minha vó morando sozinha. Chorando, eu disse que queria ir embora de Teresina para morar com ela em Angical. Rapidamente minha vó perguntou se era minha decisão final e eu falei que era sim. Então falou que ia me buscar e pediu para eu não contar para os meus padrinhos.
Foram dias péssimos. Ainda morando com meus padrinhos, chorei muito escondida no banheiro. Apesar de eu não ser tão apegada a minha mãe, amava-a e chateei-me ao saber que não iria vê-la todos os dias.
Certo dia, recebo uma ligação da minha mãe falando que ela e minha vó tinham conversado, uma conversa séria que resultou em entendimento. Eu fiquei extremamente feliz com a notícia e contei pra ela sobre a ideia de ir morar novamente em Angical. Minha mãe então respondeu que se eu quisesse poderia voltar e em seguida perguntou se eu queria morar com ela e meu pai ou com a vó. Respondi que era melhor morar mesmo com a vó a fim de que esta não ficasse sozinha.
Claro que minha mãe entendeu e disse que eu estava certa em querer fazer companhia a uma pessoa de idade. Poucos dias depois dessa conversa, minha vó foi me buscar em Teresina.
Foi muito bom eu ficar na casa da vó, pois minha mãe e ela ficaram mais unidas. A mãe ficou mais carinhosa comigo, antes ela saia de casa pela manhã e só voltava à noite muito bêbada. Ela não sai mais para ficar tantas horas sem aparecer. Somos mais amigas, conto tudo sobre minha vida, quer dizer, quase tudo. Apesar do início ser um pouco difícil, mas como diz o ditado “Há males que vêm para o bem."                          


   Núbia Luísa, 1º B. U.E.DEMERVAL LOBÃO, setembro de 2017.


Dias de dúvidas, dias de glória (relato pessoal)



                         Dias de dúvidas, dias de glória

Após vários meses de preparação, ali estávamos, prestes a dar um grande passo ao futuro. Aquele episódio poderia mudar a trajetória das nossas vidas. Foram muitos dias de estudos com os amigos, na minha casa, que fica no Caldeirão, interior da cidade de Angical do Piauí.
Em janeiro de 2017, faltavam apenas dois dias para pôr em prática tudo o que tínhamos aprendido, não só durante alguns meses, mas de vários anos de esforço e dedicação. Naquele dia tudo que havíamos aprendido não parecia ser suficiente para alcançar nosso objetivo. Em momentos assim, o psicológico e o emocional de qualquer indivíduo são levados a inúmeras objeções. Nada era o bastante para que tivéssemos total segurança ao fazer uma prova de sessenta questões que seria responsável por decidir quem passaria e quem não seria aprovado. No momento a pior dúvida que passava diante de nossas cabeças era a de que tudo o que nós estudamos talvez não fosse suficiente para que conseguíssemos uma nota proveniente para nos classificarmos.
Nada nos tranquilizava diante de tudo o que havíamos passado até aquele dia, tínhamos dúvidas, exaustão, cansaço, sono, todas essas dificuldades pesavam de forma insana para não termos descanso.
Eis o momento principal do fato, exame classificatório do IFPI (Instituto Federal do Piauí, janeiro de 2017), já não havia o que estudarmos, pois àquela hora não dava mais tempo para nada, o que não foi solucionado até ali, não tinha mais importância, pois o tempo estava acabando e só restava uma coisa: descansar, esquecer por um momento tudo que tínhamos visto. Calma, tranquilidade era o remédio para que a prova fosse feita com sucesso, da maneira mais branda possível.
Enfim, o pesadelo tinha acabado. Ao término da prova, a qual tínhamos nos preparado bastante, não havia mais nada a fazer além de esperar. O resultado por mais demorado que tenha sido, quase três meses, trouxe consigo muita alegria, pois fiquei classificado em terceiro lugar para o curso de informática integrado ao médio.


       Augusto Franco Ferreira Soares, 1º A. U.E. DEMERVAL LOBÃO, Angical PI,
setembro de 2017




Uma luz no fim do túnel (relato pessoal)



                                   Uma luz no fim do túnel

Quando eu tinha treze anos, mais precisamente em maio de 2014, conheci um rapaz através de uma rede social. Começamos uma simples conversa, mas aquele papo foi fluindo por horas, dias, meses, até virar rotina, pois todos os dias conversávamos. Resolvemos, então, marcar um encontro. Foi uma noite maravilhosa porque eu estava com ele, mil maravilhas. Saímos pela cidade, jogamos conversa fora, apresentou-me para a família dele. Até aí tudo bem. Eu era muito nova; por isso meus pais não deixavam, não aceitavam eu namorar.
Decidi fugir de casa por acreditar que ele era “meu grande amor”. Passei três dias fora de casa sem dar notícias. Meus pais ligando o tempo todo pra mim, desesperados e eu sem atender. Então, resolvi voltar ao encontro da minha família.
Conversamos, contei tudo o que de fato tinha acontecido. Passei alguns dias distante de todos, assustada, com aquele olhar de medo e desânimo, sem conseguir olhar nos olhos deles.
Até que o inesperado aconteceu: minha menstruação atrasou. Eu contei para esse rapaz o que estava acontecendo e ele falou que se fosse gravidez, ele assumiria e ficaria comigo. Falei sobre tudo isso com meus pais. Eles, é claro, ficaram loucos, pois eu era muito nova. Fiz o teste de farmácia e deu positivo.
Confesso que fiquei desesperada. Iria perder minha adolescência, meus estudos, enfim, era uma vida que estava em jogo. Eu mergulhei com tudo nessa nova fase da minha vida e acredite, foi bem difícil, eu posso afirmar e provar. Porém, foi uma fase muito importante também. Apesar das dificuldades, eu sempre estive de cabeça erguida e minha família estava sempre ao meu lado. Sofri muito preconceito por ser tão nova e já estar grávida.
O tempo foi passando e meu amor só crescia por aquela criança que eu esperava ansiosa para tê-la em meus braços. Aos quatro meses de gestação fui fazer uma ultrassonografia. Eu, na clínica, sentada numa cadeira ao lado do meu namorado, esperando minha vez de entrar na sala. Deitei na maca. Naquele momento a felicidade tomava conta de mim ao ver meu bebê crescendo saudável dentro da minha barriga, ouvir seu coraçãozinho batendo. Mas felicidade mesmo foi saber que seria uma princesa. Não consegui conter as lágrimas.
A barriga só crescia e todos já podiam perceber que eu já não estava mais sozinha. Aos sete meses, minha gestação apresentou riscos, fui às pressas para o hospital da minha cidade, Angical, que por sua vez, não tinha médico. Então fui para Água Branca PI passando muito mal. Passava a mão na minha barriga com medo que algum mal acontecesse a minha princesa. Lá o médico me atendeu, passou uma medicação e voltei para o hospital de Angical para aplicarem um soro e uma injeção em mim. Porém logo tive uma crise convulsiva e o médico, que já estava indo embora, voltou para me atender. Só ouvi minha mãe chorando e gritando, então apaguei.
Quando acordei, estava cheia de aparelhos, numa ambulância com uma enfermeira. Apaguei novamente. Ao acordar dessa vez, já estava num quarto de hospital, minha mãe comigo segurando minha mão. Levaram-me para a UTI onde eu seria medicada e mais uma vez tive uma crise. Dessa vez havia sido eclâmpsia, pois minha pressão subiu muito. Levaram-me para o centro cirúrgico às pressas e eu não entendia o que estava acontecendo. Ouvi longe o choro da minha princesa. Os médicos colocaram-na sobre mim, coisa rápida. Não vi mais nada. Quando novamente acordei estava num quarto cheia de aparelhos. Fiquei desesperada, pois minha filha não estava comigo. Gritei, perguntei por ela ao médico e ele falou que ela estava bem na enfermaria com minha mãe e que era uma criança linda. Ainda passei três dias na UTI até conseguir alta e finalmente ver minha princesa. Chorei emocionada ao ver e sentir que tudo aquilo valeu a pena. Amamentei-a, passei horas olhando para ela e agradecendo a Deus por tudo ter dado certo. Apesar de ser prematura, nasceu saudável.
Quanto a mim e ao pai dela, não estamos mais juntos, mas sempre que pode, vem visitá-la.
Hoje minha vida resume-se a Emylle Vitória, ela é tudo que eu tenho, linda, inteligente e saudável. Digo e provo que o amor verdadeiro existe sim.


                      Gislênia  Milanny, 1º C. U.E.DEMERVAL LOBÃO, ANGICAL PI, setembro de 2017


sábado, 2 de setembro de 2017

PRIMEIRO BEIJO! (relato pessoal)

                                             Primeiro beijo

Primeiro beijo! Quem já vivenciou esse momento, sabe o quanto é constrangedor e nojento ao mesmo tempo.
Quando você nunca beijou, ou melhor dizendo, é B.V. (boca virgem), e assiste aquelas cenas de novelas com beijos, abraços, a coisa mais fácil do mundo, pensa que sabe fazer o mesmo que os atores. Muitos adolescentes que já beijaram, contam suas experiências traumáticas que tiveram. Para a maioria das pessoas, o primeiro beijo foi um desastre, porém o meu... o meu foi diferente.
Eu sempre tive amigas mais velhas e por isso eu escutava suas histórias sobre o primeiro beijo. E andando com elas, via algumas “ensinando” as outras a beijar usando técnicas caseiras e se você parar para pensar, são bastante vergonhosas.
Entre tais técnicas destacavam-se aquela de chupar o gelo dentro do copo com água, beijar a laranja como se fosse a boca do garoto, e até mesmo, beijar o espelho. Eu achava muito vergonhoso.
Nas nossas conversas, sempre tocávamos nesse assunto e quando elas me perguntavam se eu já tinha beijado, sempre respondia que sim. Era até ruim mentir pra mim mesma.
Certo dia, um garoto com mais ou menos 12 anos, pediu pra “ficar” comigo e lembro que eu só tinha 10 anos. Minhas amigas insistiram muito pra eu “ficar” com ele. Até que era bonitinho. Então aceitei. Marcamos hora, lugar, tudo certinho. E eu como sempre, com trauma de beijar, dele achar ruim ou decepcionar-se comigo. Resumindo, vergonha misturada com medo de ser um DESASTRE.
Então chegou o grande dia. Fomos para o lugar marcado. Minha amiga me deixou a sós com ele. Medo, vergonha, desespero. Mas no final tudo ocorreu bem. O beijo não foi dos melhores, também não foi dos piores. Para falar a verdade, foi uma experiência ótima e faria de tudo pra voltar no tempo, precisamente, aquele dia, aquele momento.


  Solange (pseudônimo), 1ºA. UNIDADE ESCOLAR DEMERVAL LOBÃO. SETEMBRO DE 2017, ANGICAL,PI.

                                     

RELACIONAMENTO ABUSIVO (relato pessoal)

                               Precisamos falar sobre abuso

Quando resolvemos falar sobre abuso, a primeira coisa que vem à cabeça de muitas pessoas é o abuso sexual. Mas acredite! Existe outro tipo de abuso que machuca muito também. Chama-se relacionamento abusivo, que não maltrata o corpo, mas a alma.
Há alguns anos conheci um rapaz pela internet. Eu era muito nova, tinha 12 anos, praticamente uma criança. Foi durante a madrugada de uma quarta-feira de agosto de 2013.
Tudo começou com uma conversa, com apenas uma conversa, porém muito atraente. Ele sempre me elogiava dizendo o quão linda eu era. Essa conversa estendeu-se por muitos dias até nos conhecermos pessoalmente. A sensação de conforto tornou-se ainda maior. Eu apenas estranhava porque ele pedia pra manter nossa relação em segredo. Mas a loucura e o medo de perdê-lo era tão grande que eu aceitava.
O tempo passou e descobri a primeira traição. Foi como se o chão tivesse aberto sobre meus pés, e quando o questionei, ele ainda me culpou por tudo e disse que se eu não o valorizava, ele tinha que encontrar isso na rua.
Eu não entendia. Como que eu não o valorizava? Eu fazia de tudo pra manter nosso relacionamento vivo. Agarrava esse amor com unhas e dentes. Não queria perdê-lo de forma alguma porque ele sempre me dizia que eu nunca encontraria alguém igual a ele e isso me despertava medo, tanto medo de ficar sozinha, medo de não ser amada por outro. Então eu o perdoei e ele jurou que nunca mais faria aquilo novamente. Pobre criança iludida! Mal sabia que ali era apenas o começo de uma grande tempestade que estava por vir.
Esse relacionamento estendeu-se por longos quatro anos. Quatro anos de muitas traições por parte dele. Eu acabei aprendendo a trair também e quando ele descobriu, choveram xingamentos sobre mim. Nunca me senti tão humilhada quanto naquele dia. Mesmo assim, voltamos. Minha mãe acabou descobrindo e por inúmeras vezes tentou me tirar dele, mas eu não aceitava. Pra mim, ele era o verdadeiro príncipe encantado.
Algum tempo passou e foi neste ano que descobri o real significado de assistir a um filme de terror. O príncipe virou um monstro. Os elogios que eu raramente ouvia, tornaram-se palavras horríveis. Ele dizia que eu necessitava dele, que o meu corpo não era bonito e parecia um saco de ossos, que não adiantava eu me arrumar. Além disso, enviava fotos de outras mulheres e falava que aquilo sim era corpo de verdade. Enfim, a sensação de conforto tornou-se uma sensação de prisão. O amor virou posse, eu já não podia ir às festas, nem sair com as amigas.
Até que um dia, em um surto de coragem, eu resolvi colocar fim naquilo tudo, pois aquela relação só me fazia mal, só me magoava, e o adeus dele já não me deixava triste.
Se eu pudesse voltar no tempo e conversar com aquela menina de anos atrás, que vivia chorando desesperada, eu apenas falaria: “Acalme sua alma, você é linda! Ele não a ama e você é capaz de deixá-lo. Escute sua mãe porque ela tem razão.”
Hoje eu me sinto livre, ainda adaptando-me a esta nova fase, porém muito feliz. Não mantenho mais contato com ele e nem pretendo.
Lembro que no fim da nossa conversa ele ainda teve coragem de falar que eu nunca encontraria alguém igual a ele e eu sorri e respondi: “Deus te ouça!”


MYLENNA, 1º C, UNIDADE ESCOLAR DEMERVAL LOBÃO; SETEMBRO DE 2017. ANGICAL, PI.



sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Da infância para a vida (relato pessoal)

                              Da infância para a vida

Tudo começou quando eu tinha sete anos e comecei a frequentar a casa da minha madrinha. Lá conheci a Lucilane e o Jaslef, ambos marcaram minha infância. Eu ia pra lá quase todos os dias para brincarmos de mãe, pai e filho. Foi a partir dessa brincadeira que o Jaslef mostrou gostar de mim.
Com o passar do tempo fomos para um interior que pertence a um tio meu. Chegando lá, brincamos e nos divertimos muito naquele ambiente campestre. Nas brincadeiras que envolviam outros garotos percebia que Jaslef sempre tinha certo ciuminho porque fui a primeira menina que conquistou o coração dele.
Não conseguimos resistir ao sentimento e começamos a “ficar”, mas é claro, um “fica” de infância, aquele beijinho no rosto, na mão, aquela forma de carinho tão delicado que fica guardado na memória.
À medida que eu ia crescendo, também ia conhecendo mais um pouco sobre o mundo, esquecendo aquelas brincadeiras de casinha e conhecendo outros garotos. Foi quando conheci e me aproximei de um garoto com quem comecei a namorar. Vi que o Jaslef não gostava, mas eu não conseguia gostar dele como um namorado, mas sim como um amigo, um irmão.
Namorei sete meses com esse garoto, tivemos umas briguinhas e terminamos. Dois meses passaram-se e voltei a ficar com o Jaslef  por quatro meses.
Porém vi que não dava mais certo porque os ciúmes dele me impediam de fazer algumas coisas. Daí terminamos e passamos três meses sem nos falar. Para mim foi muito ruim, pois o menino com quem brinquei sempre desde a infância estava intrigado comigo. Assim, eu evitava muito passar por ele, porque quando passava, vinha aquele aperto no coração, aquela vontade de falar, mas sabia que se eu falasse ele não responderia.
Alguns dias passaram-se e eu não aguentava mais. Percebia que ele também tinha vontade de falar, mas estava esperando eu falar com ele primeiro. Então um dia peguei e enviei uma mensagem pra ele pedindo desculpas por tudo e querendo a amizade dele novamente. Ele aceitou. Percebi que algo tinha mudado, não era como antes, mas o carinho dele por mim continuava o mesmo de sempre. Às vezes temos umas briguinhas, ficamos sem nos falar, mas com umas horinhas tudo volta ao normal.
Aprendi com isso que nunca devemos desprezar quem gosta da gente, pois se um dia ela disser adeus, pode ser tarde para pedir desculpas. Então devemos dar valor a quem gosta verdadeiramente da gente.

                                                           Maria de Fátima Soares.

 Unidade Escolar Demerval Lobão, 1º B . Angical do Piauí. Setembro de 2017