Uma luz no fim do túnel
Quando eu tinha treze anos, mais
precisamente em maio de 2014, conheci um rapaz através de uma rede social.
Começamos uma simples conversa, mas aquele papo foi fluindo por horas, dias,
meses, até virar rotina, pois todos os dias conversávamos. Resolvemos, então,
marcar um encontro. Foi uma noite maravilhosa porque eu estava com ele, mil
maravilhas. Saímos pela cidade, jogamos conversa fora, apresentou-me para a
família dele. Até aí tudo bem. Eu era muito nova; por isso meus pais não
deixavam, não aceitavam eu namorar.
Decidi fugir de casa por acreditar que
ele era “meu grande amor”. Passei três dias fora de casa sem dar notícias. Meus
pais ligando o tempo todo pra mim, desesperados e eu sem atender. Então,
resolvi voltar ao encontro da minha família.
Conversamos, contei tudo o que de fato
tinha acontecido. Passei alguns dias distante de todos, assustada, com aquele
olhar de medo e desânimo, sem conseguir olhar nos olhos deles.
Até que o inesperado aconteceu: minha
menstruação atrasou. Eu contei para esse rapaz o que estava acontecendo e ele
falou que se fosse gravidez, ele assumiria e ficaria comigo. Falei sobre tudo
isso com meus pais. Eles, é claro, ficaram loucos, pois eu era muito nova. Fiz
o teste de farmácia e deu positivo.
Confesso que fiquei desesperada. Iria
perder minha adolescência, meus estudos, enfim, era uma vida que estava em
jogo. Eu mergulhei com tudo nessa nova fase da minha vida e acredite, foi bem
difícil, eu posso afirmar e provar. Porém, foi uma fase muito importante
também. Apesar das dificuldades, eu sempre estive de cabeça erguida e minha
família estava sempre ao meu lado. Sofri muito preconceito por ser tão nova e
já estar grávida.
O tempo foi passando e meu amor só
crescia por aquela criança que eu esperava ansiosa para tê-la em meus braços.
Aos quatro meses de gestação fui fazer uma ultrassonografia. Eu, na clínica,
sentada numa cadeira ao lado do meu namorado, esperando minha vez de entrar na
sala. Deitei na maca. Naquele momento a felicidade tomava conta de mim ao ver
meu bebê crescendo saudável dentro da minha barriga, ouvir seu coraçãozinho batendo.
Mas felicidade mesmo foi saber que seria uma princesa. Não consegui conter as lágrimas.
A barriga só crescia e todos já podiam
perceber que eu já não estava mais sozinha. Aos sete meses, minha gestação
apresentou riscos, fui às pressas para o hospital da minha cidade, Angical, que
por sua vez, não tinha médico. Então fui para Água Branca PI passando muito
mal. Passava a mão na minha barriga com medo que algum mal acontecesse a minha
princesa. Lá o médico me atendeu, passou uma medicação e voltei para o hospital
de Angical para aplicarem um soro e uma injeção em mim. Porém logo tive uma
crise convulsiva e o médico, que já estava indo embora, voltou para me atender.
Só ouvi minha mãe chorando e gritando, então apaguei.
Quando acordei, estava cheia de aparelhos,
numa ambulância com uma enfermeira. Apaguei novamente. Ao acordar dessa vez, já
estava num quarto de hospital, minha mãe comigo segurando minha mão. Levaram-me
para a UTI onde eu seria medicada e mais uma vez tive uma crise. Dessa vez
havia sido eclâmpsia, pois minha pressão subiu muito. Levaram-me para o centro
cirúrgico às pressas e eu não entendia o que estava acontecendo. Ouvi longe o
choro da minha princesa. Os médicos colocaram-na sobre mim, coisa rápida. Não
vi mais nada. Quando novamente acordei estava num quarto cheia de aparelhos.
Fiquei desesperada, pois minha filha não estava comigo. Gritei, perguntei por
ela ao médico e ele falou que ela estava bem na enfermaria com minha mãe e que
era uma criança linda. Ainda passei três dias na UTI até conseguir alta e
finalmente ver minha princesa. Chorei emocionada ao ver e sentir que tudo
aquilo valeu a pena. Amamentei-a, passei horas olhando para ela e agradecendo a
Deus por tudo ter dado certo. Apesar de ser prematura, nasceu saudável.
Quanto a mim e ao pai dela, não
estamos mais juntos, mas sempre que pode, vem visitá-la.
Hoje minha vida resume-se a Emylle
Vitória, ela é tudo que eu tenho, linda, inteligente e saudável. Digo e provo
que o amor verdadeiro existe sim.
Gislênia Milanny, 1º C. U.E.DEMERVAL LOBÃO, ANGICAL PI, setembro de 2017
Quem te conhece sabe o quanto você é responsável. Parabéns pelo seu texto, está maravilhoso!
ResponderExcluirObrigada meu amoor. ❤
ExcluirEssa criança veio pra transformar sua vida da melhor forma possível, parabéns por ser mãe! 💕
ResponderExcluirBelas palavras!
Obrigada princesa. 😍😍
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