quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Uma luz no fim do túnel (relato pessoal)



                                   Uma luz no fim do túnel

Quando eu tinha treze anos, mais precisamente em maio de 2014, conheci um rapaz através de uma rede social. Começamos uma simples conversa, mas aquele papo foi fluindo por horas, dias, meses, até virar rotina, pois todos os dias conversávamos. Resolvemos, então, marcar um encontro. Foi uma noite maravilhosa porque eu estava com ele, mil maravilhas. Saímos pela cidade, jogamos conversa fora, apresentou-me para a família dele. Até aí tudo bem. Eu era muito nova; por isso meus pais não deixavam, não aceitavam eu namorar.
Decidi fugir de casa por acreditar que ele era “meu grande amor”. Passei três dias fora de casa sem dar notícias. Meus pais ligando o tempo todo pra mim, desesperados e eu sem atender. Então, resolvi voltar ao encontro da minha família.
Conversamos, contei tudo o que de fato tinha acontecido. Passei alguns dias distante de todos, assustada, com aquele olhar de medo e desânimo, sem conseguir olhar nos olhos deles.
Até que o inesperado aconteceu: minha menstruação atrasou. Eu contei para esse rapaz o que estava acontecendo e ele falou que se fosse gravidez, ele assumiria e ficaria comigo. Falei sobre tudo isso com meus pais. Eles, é claro, ficaram loucos, pois eu era muito nova. Fiz o teste de farmácia e deu positivo.
Confesso que fiquei desesperada. Iria perder minha adolescência, meus estudos, enfim, era uma vida que estava em jogo. Eu mergulhei com tudo nessa nova fase da minha vida e acredite, foi bem difícil, eu posso afirmar e provar. Porém, foi uma fase muito importante também. Apesar das dificuldades, eu sempre estive de cabeça erguida e minha família estava sempre ao meu lado. Sofri muito preconceito por ser tão nova e já estar grávida.
O tempo foi passando e meu amor só crescia por aquela criança que eu esperava ansiosa para tê-la em meus braços. Aos quatro meses de gestação fui fazer uma ultrassonografia. Eu, na clínica, sentada numa cadeira ao lado do meu namorado, esperando minha vez de entrar na sala. Deitei na maca. Naquele momento a felicidade tomava conta de mim ao ver meu bebê crescendo saudável dentro da minha barriga, ouvir seu coraçãozinho batendo. Mas felicidade mesmo foi saber que seria uma princesa. Não consegui conter as lágrimas.
A barriga só crescia e todos já podiam perceber que eu já não estava mais sozinha. Aos sete meses, minha gestação apresentou riscos, fui às pressas para o hospital da minha cidade, Angical, que por sua vez, não tinha médico. Então fui para Água Branca PI passando muito mal. Passava a mão na minha barriga com medo que algum mal acontecesse a minha princesa. Lá o médico me atendeu, passou uma medicação e voltei para o hospital de Angical para aplicarem um soro e uma injeção em mim. Porém logo tive uma crise convulsiva e o médico, que já estava indo embora, voltou para me atender. Só ouvi minha mãe chorando e gritando, então apaguei.
Quando acordei, estava cheia de aparelhos, numa ambulância com uma enfermeira. Apaguei novamente. Ao acordar dessa vez, já estava num quarto de hospital, minha mãe comigo segurando minha mão. Levaram-me para a UTI onde eu seria medicada e mais uma vez tive uma crise. Dessa vez havia sido eclâmpsia, pois minha pressão subiu muito. Levaram-me para o centro cirúrgico às pressas e eu não entendia o que estava acontecendo. Ouvi longe o choro da minha princesa. Os médicos colocaram-na sobre mim, coisa rápida. Não vi mais nada. Quando novamente acordei estava num quarto cheia de aparelhos. Fiquei desesperada, pois minha filha não estava comigo. Gritei, perguntei por ela ao médico e ele falou que ela estava bem na enfermaria com minha mãe e que era uma criança linda. Ainda passei três dias na UTI até conseguir alta e finalmente ver minha princesa. Chorei emocionada ao ver e sentir que tudo aquilo valeu a pena. Amamentei-a, passei horas olhando para ela e agradecendo a Deus por tudo ter dado certo. Apesar de ser prematura, nasceu saudável.
Quanto a mim e ao pai dela, não estamos mais juntos, mas sempre que pode, vem visitá-la.
Hoje minha vida resume-se a Emylle Vitória, ela é tudo que eu tenho, linda, inteligente e saudável. Digo e provo que o amor verdadeiro existe sim.


                      Gislênia  Milanny, 1º C. U.E.DEMERVAL LOBÃO, ANGICAL PI, setembro de 2017


4 comentários:

  1. Quem te conhece sabe o quanto você é responsável. Parabéns pelo seu texto, está maravilhoso!

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  2. Essa criança veio pra transformar sua vida da melhor forma possível, parabéns por ser mãe! 💕
    Belas palavras!

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