sábado, 26 de novembro de 2022

Interpretação textual: Roda (1942), quadro de Milton Dacosta

 

Observe atentamente o quadro Roda (1942), de Milton Dacosta, um dos mais importantes pintores brasileiros:

                                                     


 

1. Milton Dacosta nasceu em Niterói, em 1945. Sua carreira firmou-se a partir de 1933, quando participou de uma exposição no Salão Nacional de Belas-Artes. Tal como nas obras de alguns poetas do período, nas obras de Dacosta também se veem influências das correntes de vanguarda, especialmente do Cubismo e do Surrealismo.

a) Que aspectos do quadro se ligam ao Cubismo?

A geometrização das personagens: ângulos no rosto e no corpo, formas geométricas nos vestidos, no cabelo e na fita do cabelo.

b) Que aspectos se ligam ao Surrealismo?

Certo estranhamento decorrente sobretudo do fato de as crianças não terem rosto.

2. Intitulado Roda, o quadro retrata uma situação em que crianças de diferentes idades brincam de roda. Observe as personagens: o corpo, o rosto, a pele e as roupas.

a) Qual é o aspecto mais inquietante na representação dessas personagens?

A falta de rosto.

b) As cores das roupas que elas usam são vivas ou apagadas?

São vivas.

c) As crianças se parecem com pessoas reais ou parecem artificiais, como se fossem bonecos? Por quê?

Parecem bonecos: não tem rosto e, em vez de pele, o corpo parece revestido de madeira ou papel.

3. observe agora os elementos que compõem o cenário em que as personagens se encontram.

a) Trata-se de um cenário natural ou artificial? Caracterize-o.

Um cenário artificial; não há nem planta, nem animal, nem casa; há apenas quatro troncos ou estacas fincadas na terra. O solo, de uma cor verde, também não parece ser de terra nem coberto por vegetação.

b) O que o cenário como um todo expressa?

Uma paisagem desértica, sem vida, que suscita impressões como o vazio, o nada, a solidão.

4. Visto no conjunto, nota-se que o quadro reúne elementos contraditórios, que podem ser organizados em pares, como ser e não ser, natural e artificial ou vida e morte. Identifique na obra elementos relacionados:

a) com o universo natural ou coma vida;

As crianças brincarem de roda, as flores ao seu redor, as cores vivas dos vestidos.

b) com o universo artificial ou com a morte.

As flores jogadas no chão, as crianças que parecem bonecos, a paisagem desértica e sem vida.

5. A criança sempre foi associada à ideia de ingenuidade, de pureza. Nesse quadro, as crianças revelam essas características? Justifique.

Sugestão: Até certo ponto, pois o quadro, ao mesmo tempo que expressa uma ideia de pureza infantil, retrata as crianças como seres autômatos, sem identidade e sem vida.

6. O quadro foi pintado em 1942. As crianças que vemos brincam de roda e, por isso, têm as mãos dadas. Em 1940, Carlos Drummond de Andrade publicou o poema “Mãos dadas”, em que se lê:

         “O presente é tão grande, não nos afastemos.

          Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.”

a) Em qual contexto sociopolítico, nacional e internacional, o poema e o quadro foram produzidos?

No contexto internacional da Segunda Guerra Mundial e no contexto nacional do Estado Novo.

b) É possível afirmar que no quadro de Dacosta as crianças representam a união, a solidariedade e a esperança de um futuro melhor?

Sugestão: É possível que não. O aspecto artificial das crianças e da paisagem impossibilita associar a cena, apesar das mãos dadas, a um futuro de união e solidariedade.

7. Em 1942, Carlos Drummond de Andrade publicou o poema “José”, cujos versos finais são:

               “Sozinho no escuro

                qual bicho do mato,

                sem teogonia,

                sem parede nua

                para se encostar,

                sem cavalo preto

                que fuja a galope,

                você marcha, José!

                José, para onde? ”

Estabeleça relações de semelhança entre “José” e o quadro de Dacosta.

Sugestão: Parece que Dacosta deixa em aberto a resposta às perguntas: Qual o futuro dessas crianças? Será que a união e a ingenuidade infantis têm força para vencer o vazio do mundo? Para onde caminha a humanidade? Essa mesma incerteza quanto ao futuro está presente nos versos de Drummond.

8. Como você viu, a poesia de 1930-40 apresenta diferentes tendências: a filosófico-metafísica, de caráter existencial, social, a religiosa ou espiritual, a sensual, a regional, a histórica. Com qual ou quais dessas tendências o quadro de Dacosta mostra maior afinidade? Por quê?

Com a poesia filosófico-metafísica e com a poesia social. Com a primeira, pelo fato de o quadro lidar com a questão do ser/não ser das crianças, associada à definição da essência humana ou artificial das figuras. Com a segunda, pelo fato de ser possível relacionar alguns aspectos do quadro (a falta de identidade, a paisagem desértica) com o contexto da Segunda Guerra Mundial.

 

     BONS ESTUDOS!

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

O Quinze, de Rachel de Queiroz - exercícios com gabarito

 

O episódio a ser lido retrata as dificuldades de Chico Bento e sua família durante a viagem de retirada.

 

            Eles tinham saído na véspera, de manhã, da Canoa.

            Eram duas horas da tarde.

            Cordulina, que vinha quase cambaleando, sentou-se numa pedra e falou, numa voz quebrada e penosa:

             - Chico, eu não posso mais... Acho até que vou morrer. Dá-me aquela zoeira na cabeça!

            Chico Bento olhou dolorosamente a mulher. O cabelo, em falripas sujas, como que gasto, acabado, caía, por cima do rosto, envesgando os olhos, roçando na boca. A pele, empretecida como uma casca, pregueava nos braços e nos peitos, que o casaco e a camisa rasgada descobriam.

(...)

            No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um gemido abafado, a mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes.

             E com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste que era mais uma tentativa do que um gesto.

            Lentamente o vaqueiro voltou as costas; cabisbaixo, o Pedro o seguiu.

             E foram andando à toa, devagarinho, costeando a margem da caatinga.

             (...)

             De repente, um bé!,agudo e longo, estridulou na calma.

             E uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a cabeça por entre a orla de galhos secos do caminho, aguçando os rudimentos de orelha, evidentemente procurando ouvir, naquela distensão de sentidos, uma longínqua resposta a seu apelo.

            Chico Bento, perto, olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera, os olhos afogueados.

            O animal soltou novamente o seu clamor aflito.

            Cauteloso, o vaqueiro avançou um passo.

             E de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de jucá zuniu; a cabra entonteceu, amunhecou, e caiu em cheio por terra.

            Chico Bento tirou do cinto a faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara quem lhe desse um tostão por ela. Abriu no animal um corte que foi de debaixo da boca até separar ao meio o úbere branco de tetas secas, escorridas.

            Rapidamente iniciou a esfolação. A faca afiada corria entre a carne e o couro. Na pressa, arrancava aqui pedaços de lombo, afinava ali a pele, deixando-a quase transparente.

            Mas Chico Bento cortava, cortava sempre, com um movimento febril de mãos, enquanto Pedro, comovido e ansioso, ia segurando o couro descarnado.

            Afinal, toda a pele destacada estirou-se no chão.

            E o vaqueiro, batendo com o cacete no cabo da faca, abriu ao meio a criação morta.

            Mas Pedro, que fitava a estrada, o interrompeu:

             - Olha, pai!

            Um homem de mescla azul vinha para eles em grandes passadas. Agitava os braços em fúria, aos berros:

            - Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!

            Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e, ainda de cócoras, tartamudeava explicações confusas.

            O homem avançou, arrebatou-lhe a cabra e procurou enrolá-la no couro.

            Dentro da sua perturbação, Chico Bento compreendeu apenas que lhe tomavam aquela carne em que seus olhos famintos já se regalavam, da qual suas mãos febris já tinham sentido o calor confortante.

            E lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o Duquinha tão morto que já nem chorava...

             Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam pela face áspera, suplicou, de mãos juntas:

            - Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao menos, que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! já caíram com a fome!...

            - Não dou nada! Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem-vergonha!

            A energia abatida do vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra.

             Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.

             E o homem disse afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e atirando-as para o vaqueiro:

            - Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se tripas é até demais!...

             A faca brilhava no chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos de Chico Bento.

            Veio-lhe um ímpeto de brandi-la e ir disputar a presa, mas foi ímpeto confuso e rápido. Ao gesto de estender a mão, faltou-lhe o ânimo.

            O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente envolvido no couro e marchava para a casa cujo telhado vermelhava, lá além.

             Pedro, sem perder tempo, apanhou o fato que ficara no chão e correu para a mãe.

            Chico Bento ainda esteve uns momentos na mesma postura, ajoelhado.

            E antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida.

                                                             (O Quinze, Rachel de Queiroz)

1. Chico Bento e sua família são retirantes. Qual é a condição física deles no momento retratado pelo texto? Comprove sua resposta com trechos do texto.

Eles estavam degradados fisicamente, conforme comprovam os trechos “Cordulina, que vinha quase cambaleando”, ‘O Duquinha, também só osso e pele”.

2. Chico Bento, antes da seca, não era vagabundo nem bandido; era um trabalhador rural. Levante hipóteses:

a) Como deve ter se sentido ao ser xingado pelo proprietário da cabra?

Deve ter se sentido humilhado, atingido moralmente, pois não era ladrão; roubara por necessidade.

b) Por que não reagiu aos insultos?

Por reconhecer as razões do homem e, talvez, por pensar na família.

3. Ao ver que sua presa seria levada, Chico Bento chegou a sentir vontade de lutar por ela com sua faca, “mas foi ímpeto confuso e rápido. Ao gesto de estender a mão, faltou-lhe o ânimo”. Embora esse seja apenas um fragmento da obra, é possível extrair algumas conclusões importantes desse fato.

a) O sertanejo, no texto, é visto como um ser resignado à sua condição ou como um ser transformador, responsável por seus próprios destinos?

Resignado. Exausto e desesperançoso, Chico Bento sente-se sem ânimo para lutar contra sua sorte.

b) Nesse fragmento, como é vista a condição de miséria e até de eventual violência (que acabou não se concretizando) em que vivem as personagens: como fatalidade ou como resultado de políticas governamentais ou de relações sociais inadequadas?

Como fatalidade; no episódio não há nenhuma referência a fatores de ordem social, também responsáveis pela condição das personagens.

4. O Quinze é um bom exemplo de como os romancistas da década de 1930 lidam com a linguagem literária. Observe a linguagem empregada no texto quanto a: vocabulário (mais culto ou mais popular, regionalismos), construções sintáticas (mais prolixas ou mais próximas da fala), períodos (longos ou curtos), etc. Em seguida, caracterize-a.

A linguagem é culta, porém direta, com vocabulário acessível, por vezes incluindo algum termo regional. Os períodos são curtos e buscam maior proximidade com a linguagem oral.

 

        BONS ESTUDOS!

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Evocação do Recife, de Manuel Bandeira: exercícios resolvidos

 


    O poema a seguir integra a obra Libertinagem, na qual Manuel Bandeira incorpora vários temas ligados à cultura popular e ao folclore. O poema, ao mesmo tempo que tematiza a infância, faz uma descrição da cidade de Recife no fim do século XIX.

Evocação do Recife

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritssatd dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois —
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância

A Rua da União onde eu brincava de chicote-queimado e partia as vidraças 

                                                [da casa   de Dona Aninha  Viegas                                                                                                                                                     
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincené na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras, mexericos,

                                                    [ namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:

Coelho sai!
Não sai!

A distância as vozes macias das meninas politonavam:

Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)

De repente
nos longes da noite
um sino

Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era São José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo

Rua da União...
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
... onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
... onde se ia pescar escondido
Capiberibe
— Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento

Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redomoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos destemidos em jangadas

                                                          [ de bananeiras

Novenas
Cavalhadas

Eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus cabelos

Capiberibe
— Capibaribe

Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas com o

                              [ xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avó morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô.

 

1. Na 1ª estrofe do poema, o eu lírico delimita o Recife que evoca. Não é o Recife histórico nem o Recife turístico ou cultural.

a) Qual é o Recife que ele evoca? Destaque um verso que justifique sua resposta.

É o Recife que habita a sua memória: “Recife da minha infância”.

b) O retrato do Recife evocado é feito, portanto, de modo objetivo ou subjetivo?

De modo subjetivo.

2. Observe estes versos do poema:

“Uma pessoa grande dizia: / Fogo em Santo Antônio!”
“(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)”

Com base nesses versos, responda: O eu lírico, ao evocar o passado, coloca-se no texto como adulto ou como criança? Justifique.

Há uma mistura de perspectiva: no primeiro e segundo versos, o eu lírico revive cenas do passado, como se fosse criança outra vez; no terceiro verso, deixa transparecer a visão crítica do adulto.

3. Procurando dessacralizar a poesia, os modernistas aproximam-na das coisas simples, como o cotidiano e a cultura popular. Identifique no texto o aproveitamento desses elementos.

As brincadeiras de roda com suas cantigas infantis, os pregões dos vendedores, as crenças e as festas populares, os nomes de ruas, etc.

4. Manuel Bandeira nunca aderiu às novidades modernistas como modismo. Ao contrário, empregava-as com critério, sabendo extrair efeitos delas. Observe a irregularidade métrica e a pontuação destes versos:

“Os homens punham o chapéu saíam fumando”

“Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redomoinho sumiu”

Buscando estabelecer relações entre a forma e o conteúdo, responda:

a) Por que a ausência de pontuação torna o sentido desses dois versos mais preciso?

No primeiro verso, a ausência de pontuação sugere a rapidez das ações; no segundo verso, a violência das águas durante as cheias.

b) Observe o tamanho do segundo desses versos. Relacionando-o com o conteúdo do verso (as cheias), o que justificaria esse tamanho?

A enumeração caótica, num único verso, dos vários elementos arrastados pela água imita formalmente o caos promovido pelas cheias, que arrastam tudo de uma só vez.

5. Assim como Mário e Oswald, Bandeira também se preocupou com a necessidade de criar uma nova língua literária. De acordo com o texto:

a) Qual é a “língua certa do povo”?

É a língua espontânea e natural falada pelo povo.

b) A quem possivelmente se refere o pronome nós dos versos “Ao passo que nós / o que fazemos”?

Às pessoas cultas: escritores, leitores, professores, etc.

c) É possível afirmar que Bandeira pôs em prática no poema essa concepção de língua? Justifique com palavras ou expressões do texto.

Sim, pois o poema apresenta vocabulário e construções sintáticas simples, além de empregar palavras do uso popular, como “midubim” e “macaquear”.

6. Responda:

a) Por que o eu lírico afirma “Meu avô morto / Recife morto [...]”?

Porque com a morte do avô – uma das figuras centrais da mitologia da infância do poeta -, ocorre também a morte do Recife que vivia na memória do eu lírico.

b) Que tipo de sentimento revela o eu lírico em relação ao Recife de sua infância?
Melancolia, nostalgia, tristeza.

 

BONS ESTUDOS!