segunda-feira, 5 de junho de 2023
Literatura sobre o Brasil: Questões de vestibular
sábado, 15 de abril de 2023
QUESTÕES DE VESTIBULAR: Camões e o Classicismo em Portugal
quarta-feira, 12 de abril de 2023
Pré-Modernismo: Questões objetivas com gabarito
Texto I
Então, a travessia
das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.
Nesta, ao menos, o
viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras
francas.
Ao passo que a
caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na
trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o
espinho, com os gravetos estalados em lanças, e desdobra-se-lhe na frente
léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvore sem folhas, de galhos
estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou
estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da
flora agonizante...
(Euclides da Cunha. Os sertões. São Paulo: Círculo do Livro,
1975. p. 38.)
1.
De acordo com o texto, como se caracteriza o lugar onde vive o sertanejo?
A)
A natureza harmoniosa em relação ao homem
sertanejo.
B)
A natureza mostra-se rude e pouco receptiva ao
homem.
C)
A caatinga apresenta as condições geográficas adequadas
para o sertanejo.
D)
A travessia das veredas sertanejas acolhe o
sertanejo.
E)
Nenhuma das opções acima.
Texto II
O sertanejo é,
antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços
neurastênicos do litoral.
A sua aparência,
entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a
plástica impecável, o desempenho, a estrutura corretíssima das organizações
atléticas.
É desgracioso,
desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica
dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta
a translação de membros desarticulados.
[...]
Reflete a preguiça
invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto contrafeito,
no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência
constante à imobilidade e à quietude.
Entretanto, toda
esta aparência de cansaço ilude.
Nada é mais
surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização
combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias
adormidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos,
novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os
ombros possantes, aclarado pelo olhar desassombrado e forte; [...] e da figura
vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de
um tită acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e
agilidade extraordinárias.
(Idem, p. 92-93.)
2.
No texto II,
contraponto o sertanejo ao homem do litoral, o narrador descreve os aspectos contraditórios
da constituição física e do comportamento do sertanejo. Marque a opção que
apresenta corretamente essa contradição:
A)
Por um lado,
o sertanejo mostra-se fraco, feio, desengonçado, preguiçoso,
cansado; por outro, mostra-se
forte, impulsivo e valente.
B)
O homem do litoral parece ser fraco e indolente,
mas surpreende pela vontade e pela força.
C)
O sertanejo parece ser bem mais forte que o
homem do litoral, porém surpreende pelo
fracasso diante das dificuldades.
D)
Hércules-Quasímodo foi um termo usado para demonstrar
o lado forte do sertanejo, ao passo que, titã,
mostra o lado forte do homem do litoral.
E)
Nenhuma das opções acima.
Texto III
(...)
Desde dezoito anos
que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar
inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em
que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em
nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou- se das
suas cousas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava
disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a
incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma
decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil
como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera
combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois
ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros?
Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento
de decepções.
(São Paulo: Saraiva, 2007. p. 201.)
3.
O trecho acima refere-se à obra...... do autor
pré-modernista......
A)
Urupês, de Monteiro Lobato
B)
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Euclides da Cunha
C)
Os Sertões,
de Euclides da Cunha
D)
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto
E)
Eu, de Augusto dos Anjos
Texto I V
Jeca Tatu é um
piraquara do Paraíba, maravilhoso epitome de carne onde se resumem todas as
características da espécie.
Pobre Jeca Tatu!
Como és bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador,
Jeca filósofo...
Quando comparece
às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz: sempre coisas que a
natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e
colher - cocos de tucum ou jissara, guabirobas, bacuparis, maracujás, jataís,
pinhões, orquídeas; [...]
Seu grande cuidado
é espremer todas as consequências da lei do menor esforço e nisto vai longe.
Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em
toca e gargalhar ao joão-de-barro. Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma.
A cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o chão batido.
[...]
Nenhum talher. Não
é a munheca um talher completo colher, garfo e faca a um tempo? No mais, umas
cuias, gamelinhas, um pote esbeiçado, a pichorra e a panela de feijão.
Nada de armários
ou baús. A roupa, guarda-a no corpo. Só tem dois parelhos; um que traz no uso e
outro na lavagem. [...]
Seus remotos avós
não gozaram maiores comodidades. Seus netos não meterão quarta perna ao banco.
Para quê? Vive-se bem sem isso.
Um terreirinho
descalvado rodeia a casa. O mato o beira. Nem árvores frutíferas, nem horta,
nem flores - nada revelador de permanência.
Há mil razões para
isso; porque não é sua a terra; porque se o "tocarem" não ficará nada
que a outrem aproveite; porque para frutas há o mato; porque a
"criação" come; porque...
- "Mas
criatura, com um vedozinho por ali... A madeira está à mão, o cipó é
tanto..." Jeca, interpelado, olha para o morro coberto de moirões, olha
para o terreiro nu, coça a cabeça e cuspilha.
- "Não paga a
pena."
Todo o
inconsciente filosofar do caboclo grulha nessa palavra atravessada de fatalismo
e modorra. Nada paga a pena. Nem culturas, nem comodidades. De qualquer jeito
se vive.
(22. ed. São Paulo: Brasiliense, 1978. p. 147-50.)
4. O texto IV é o fragmento da crônica........ de .........
. O autor traça o perfil do caipira, o
Jeca Tatu, que ele imortalizou em nossa literatura.
A) Urupês, de Augusto
dos Anjos
B) Os Sertões, de
Euclides da Cunha
C) Eu, de Augusto dos Anjos
D) Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto
E) Urupês, de
Monteiro Lobato
5. O texto IV descreve Jeca Tatu em três papéis: o de
mercador, o de lavrador e o de filósofo.
Como se sai Jeca nesses papéis?
A) Sai-se mal, pois não planta, só vende o que a natureza oferece e pensa que
“nada paga a pena”, pois a terra não é sua.
B) Sai-se bem, pois
consome e vende somente o que a natureza oferece e, além disso, não precisa promover melhorias em sua casa.
C) Sai-se bem, pois
Jeca assume todas as características do herói romântico sem precisar fazer
grande esforço.
D) Sai-se mal, pois diante de seu grande esforço em
conquistar uma vida mais digna para si e sua família, Jeca Tatu sente-se injustiçado pelo fato de a
terra não ser sua.
E) Nenhuma das opções acima.
Texto V
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme este operário das ruínas
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(Augusto dos Anjos. Eu e outros poemas, cit., p. 60.)
6. Marque a opção ERRADA quanto ao poema (Texto V).
A) A linguagem do poema surpreende e modifica uma tradição
poética brasileira.
B) O texto apresenta vocábulos empregados poeticamente por
Augusto dos Anjos e tradicionalmente considerados antipoéticos.
C) Os vocábulos antipoéticos
provêm da ciência,
particularmente da Química.
D) A linguagem do poema é toda construída com base no
sentimentalismo, delicadezas, sonhos e fantasias.
E) Nenhuma das opções acima.
7. Marque a opção ERRADA quanto ao poema “Psicologia de um
vencido”, de Augusto dos Anjos.
A) O poema pode ser dividido em duas partes: a primeira trata
do eu lírico; a segunda, da morte.
B) O eu lírico vê a si mesmo de forma otimista, pois entende que o homem é matéria, química.
C) O eu lírico considera que tudo caminha para a destruição.
D) É possível constatar o negativismo interior do eu lírico, que se considera “vencido” em virtude da
fragilidade física do ser humano e da força implacável da morte.
E) A condição humana retratada pelo poema (fatalidade da
morte) não é exclusiva do eu lírico, mas
universal.