domingo, 12 de março de 2017

Exercícios sobre a poesia de 30: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Morais

O poema que segue pertence ao livro Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1930.
Texto para as questões de 1 a 3:
Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


 1)  O poema “Quadrilha” aborda um tema caro à tradição poética: o amor e o relacionamento amoroso. A originalidade do poema está na forma como o tema é tratado.Com que tipo de visão o poeta aborda esse tema no poema: com uma visão  crítica, irônica ou trágica? 
                             Uma visão irônica.
2)  Resuma a ideia central do poema: De acordo com o texto, o que é o amor ou o relacionamento amoroso?
    É um eterno desencontro; sempre se ama a pessoa errada.
3)  Dos procedimentos formais da poesia de 22 relacionados a seguir, qual deles  NÃO pode ser observado em “Quadrilha”?
a)  Humor
b)  Linguagem simples e coloquial
c)  Fragmentação; flashes da realidade
d)  Verso livre

4)   O fragmento a seguir pertence ao poema “ POEMA DE SETE FACES”, de Carlos Drummond de Andrade. Leia-o e responda:
Quando nasci, um anjo torto                                
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
O gauchismo do eu lírico,ou seja, o lado torto, é anunciado por um “anjo torto”.O que diferencia os anjos das histórias religiosas do anjo do poema? 
  Os anjos bíblicos são anjos de luz: são bons, prenunciam coisas boas e auxiliam as pessoas. Já o anjo que apareceu para o eu lírico é " torto " e vive " " na sombra ". Como um anjo do mal, prevê-lhe um futuro gauche, lançando sobre ele uma espécie de maldição.
5) (UFU) Leia o poema abaixo:
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas,
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa e fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"
(Cecília Meireles)
Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com o poema:
a) A expressão "mãos sem força", que aparece no primeiro verso da segunda estrofe, indica um lado fragilizado e impotente do "eu" poético diante de sua postura existencial.
b) As palavras mais sugerem do que escrevem, resultando, daí, a força das impressões sensoriais. Imagens visuais e auditivas, em outros poemas, sucedem-se a todo momento.
c) O tema revela uma busca da percepção de si mesmo. Antes de um simples retrato, o que se mostra é um autorretrato, por meio do qual o "eu" poético olha-se no presente, comparando-se com aquilo que foi no passado.
d) Não há no poema o registro de estados de ânimo vagos e quase incorpóreos, nem a noção de perda amorosa, abandono e solidão. 

                    Soneto de separação  (texto para as questões de 6 a 8)

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
            (Vinícius de Morais)

6) Identifique a figura de linguagem a partir da qual, para estabelecer a oposição entre o passado e o presente, é construído todo o texto.
a) Pleonasmo
b) Antítese
c)Metáfora
d)Comparação
e)Ironia

7) O texto reitera a oposição entre como era no passado e como é no presente. Caracterize cada um desses momentos.
 Antes, tudo era bom; havia o riso, o beijo, a paixão, a alegria, etc. O presente é ruim, o oposto do passado: há pranto, espanto, pressentimento, drama, etc.
8) Com que finalidade foi empregada a expressão “ de repente” , repetida  várias vezes no soneto?
 Para acentuar o espanto causado pela separação inesperada.

      Soneto de Fidelidade ( texto para as questões 9 e 10 )

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Morais, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

9) Interprete a metáfora presente no verso " Que não seja imortal, posto que é chama ".

 Como uma chama, o amor queima e ilumina, mas pode se apagar, pois tem duração finita.

10) Dê uma interpretação coerente ao paradoxo “ que seja infinito enquanto dure”, empregado pelo eu lírico para expressar seu conceito de fidelidade.
 A palavra infinito é empregada com valor qualitativo, e não temporal. Assim, para o eu lírico, fidelidade é sinônimo de entrega total, mesmo que numa relação passageira.

                                           BONS ESTUDOS!

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