Descritor 8 – Estabelecer relação
entre a tese e os argumentos
oferecidos para sustentá-la.
QUESTÃO 1
Brincadeira retrô
Me
lembro bem de quando era pequena e do quanto minha imaginação era fértil. Eu
fui daque- las crianças que davam arrepios nos pais por conta das brincadeiras mirabolantes: a cama de casal que virava
navio pirata, o sofá da sala que virava palco de teatro com direito a cortina
de lençol e tudo mais... Toda vez que
começava a me animar minha avó dizia:
“Lá vem essa menina inventando moda”.
Hoje vejo que esse era o jeito de brincar das
crianças de antigamente. Não havia toda essa
parafernália eletrônica, que toca música, anda, fala e não deixa nenhum espaço
para a imaginação. Precisávamos inventar as nossas brincadeiras. Criança
moderna não sabe brincar sozinha, tem sempre a babá, o computador, o DVD... Hoje tento incentivar meu filho a
brincar assim também. Não é que eu
vá jogar todos os brinquedos dele fora, mas com certeza ele vai aprender a se
divertir com muito menos. Dá mais trabalho, faz mais bagunça, mas é
infinitamente mais divertido.
POMÁRICO, Veri. Revista Gol, Editora Trip: s/l. s/d.
A autora deste texto defende que:
(A) as brincadeiras das crianças de antigamente eram divertidas.
(B) as brincadeiras de antigamente eram mais criativas que as atuais.
(C) as maneiras de as crianças de hoje brincar devem ser aceitas.
(D) as crianças devem brincar com parafernálias eletrônicas.
QUESTÃO
2
Está
certo que todos os adultos mantêm uma parcela de infância que precisa ser
superada dia- riamente, e essa é a tarefa árdua do exercício de maturidade. Mas
parece que atualmente essa nossa cota infantil, ao invés de ser superada, tem
sido cultivada com esmero. Além disso, o julgamento do outro não mais nos
incomoda nem importa. Não nos envergonhamos mais de nossos descuidos, nada mais
parece nos constranger. O aviso “Sorria, você está sendo filmado” ganhou,
portanto, um tom irônico. Adolescentes são tentados a fazer caretas
e gestos obscenos
quando sabem que alguém os
observa. À frente de uma câmera, então, eles se superam e perdem qualquer
pudor. É uma maneira de dizer “Eu sou assim, o que você tem com isso?”. É um modo de enfrentar com insolência o mundo adulto,
do qual acabaram de escapar e para
o qual se encaminham.
Pois
parece que é dessa maneira que os adultos têm
se comportado publicamente. Não nos importamos mais – aliás, parece
que nos orgulhamos disso – de expor nossas
piores qualidades e características aos outros. O roxo, uma cor que já foi associada à vergonha na expressão “roxo de vergonha”, passou recentemente
para nossa história como cor que simboliza o orgulho que temos de nossas atitudes irrefletidas e muitas
vezes violentas – quando um presidente exclamou em um discurso
que “tinha aquilo roxo”. Uma publicidade veiculada pela TV, ao mostrar tudo o que se pode fazer com o dedo indicador, mostra uma criança com o dedo no
nariz enquanto o narrador diz “limpar o salão”.
É isso: parece que já não queremos
mais mostrar o que temos de melhor
aos outros e sim o que temos de
pior. Isso mostra um grande desprezo pelos outros, não? Basta assistir a algumas
cenas do programa
“BBB” para fazer essa constatação. Mas não nos iludamos: isso não ocorre
apenas nesse programa, mas no cotidiano de nossa vida
pública. Será que concluímos que o que nos une e o que nos equipara na convivência pública são
nossas mazelas?
ROSELY SAYÃO
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/>.
A autora do texto defende a tese
de que não há mais vergonha de expormos nossas piores qualidades e características
aos outros. O argumento que melhor sustenta seu ponto de vista está expresso na
alternativa:
(A)
cota
de infantilidade que temos parece está sendo cultivada com esmero.
(B)
A
cor roxa passou a simbolizar o orgulho de nossas nações irrefletidas.
(C)
Adultos
comportam-se publicamente como adolescente sonolento.
(D)
Adolescentes
têm enfrentado com insolência o mundo adulto.
QUESTÃO 3
Minha fase pessimista
Ana Paula Padrão
A residência do sr. Trump fica na Quinta Avenida, agora parcialmente obstruída à passagem de pedestres. Um transtorno para os nova-iorquinos e uma distração para os turistas. A quantidade de gente fazendo selfie pra enfeitar as redes sociais – eu incluída – é constrangedora. Passei por ali por acaso, a caminho de uma reportagem e segui meu passo intrigada. Me perguntei, de novo, porque a maioria das mulheres americanas brancas, com baixa escolaridade, votou nele. Por que são conservadoras? Por que ele prometeu empregos? Sei lá. Me dá uma tristeza profunda.
Há cem anos as mulheres conseguiram o direito ao voto nos EUA. Naquela
época, as sufragettes, como ficaram
conhecidas as que lutaram para ir às urnas, eram objeto de ódio,
sarcasmo e piadas machistas de todo tipo. Elas foram, de alguma maneira, as pioneiras do movimento
feminista. Não creio que mulher tenha de obrigatoriamente votar em mulher. Mas
votar no Trump? Com todo respeito,
ai, que desânimo.
[...] Estou numa fase pessimista, vou logo avisando. Quando passei
pela Quinta Avenida e vi aquela multidão de wanna
be blogueiros e aquele mundo de jornalistas debaixo de neve na frente
da Trump Tower, dei graças aos céus por ter escapado dos plantões jornalísticos de fim de ano. E das retrospectivas de 2016. De verdade, eu não saberia por onde começar.
Pela eleição do sr. Trump? Não
vamos dar a ele toda essa importância. Não que ele não seja importante,
mas para que naufragar em tanta realidade logo no começo do ano? Pelo
impeachment de Dilma?
Pela Olimpíada do Rio? Pela Paralimpíada? Pode ser. Mas foi mesmo em 2016? Eita
ano congestionado de notícia. Quando chego na Rua 48, dez quadras
mais tarde, concluo
que minha retrospectiva só valeria
o nome se começasse pela
queda do avião da Chapecoense. Acredito que
apenas uma tragédia desse porte tenha força para unir os desiguais. Provavelmente prestarei contas
no dia do juízo final,
mas meu lado mau começa
a achar que 2017 poderia
ter menos polêmicas e mais unanimidades. Quem sabe a humanidade ainda teria jeito.
Disponível em: <https://istoe.com.br/minha-fase-pessimista/>.
Acesso
em: 12 nov. 2020.
Dos argumentos que a autora
utiliza, o que melhor apoia seu ponto de vista está expresso na alternativa:
(A)
As sufraggetes foram objeto de ódio, sarcasmo e piadas machista de todo o tipo.
(B)
A
quantidade de pessoas fazendo selfies na quinta avenida, em Nova Iorque, para
enfeitar as redes sociais eram constrangedoras.
(C)
O
ano de 2016 foi um ano congestionado
de notícias polêmicas que não valem uma retrospectiva.
(D)
O
ano de 2017 poderia ser um ano com
menos polêmica e com mais unanimidade.
QUESTÃO 4
A poluição do mundo
Júlio José Chiavenato
Os
grandes países industriais são os mais poluídos do mundo. Em Tóquio vende-se oxigênio nas ruas centrais. É comum os japoneses comprarem uma dose e enfiarem o nariz na
“garrafinha”, recuperando-se do veneno que são obrigados a respirar. Os guardas
de trânsito, intoxicados pelos gases dos automóveis, têm postos de abastecimento
especiais nas esquinas.
Apesar
da propaganda que apresenta o centro da Europa como um oásis verde entre
enormes fábricas, quem lê jornal sabe o que acontece com o Reno: um rio totalmente morto e mortífero, carregando resíduos químicos
por milhares de quilômetros,
contaminando os depósitos de água potável de vários países.
Metade
da população holandesa bebe a água do Rio Reno, que é o maior esgoto do mundo e
o receptor de inseticidas das fábricas alemães. Seus peixes são proibidos para
o consumo, por- que os detritos industriais com que se “alimentam” tornam sua carne fétida.
E os Estados Unidos,
pátria do capitalismo moderno, louvado pelo rigor de suas leis, são – e isto seus
próprios técnicos afirmam – o país mais poluído do planeta. Além disso, são os
maiores exportadores de poluição: 40%
da contaminação da Terra é provocada
por suas indústrias, segundo informação de Philip Bart, ecologista e redator da
Internation Review.
Disponível em: <https://brainly.com.br/tarefa/13393495>.
Acesso em: 12 nov. 2020.
Neste texto, o autor
defende a tese de que os
países industriais são os mais poluídos do mundo. Marque a alternativa que
apresenta o argumento correto para a sustentação desta tese.
(A) Nas
ruas centrais de Tóquio vende-se oxigênio.
(B) Os
Estados Unidos são louvados pelo rigor de suas
leis.
(C) O centro
da Europa é apresentado como um
oásis verde.
(D) Na
Holanda, metade da população bebe água do Rio
Reno.
QUESTÃO 5
Escrevendo o futuro
Fernando Brant
Ler,
compreender, escrever. O estudante capaz de dominar esses três momentos está
pronto para desenvolver com sucesso sua vida. Essa é uma das carências de nosso
país, que carrega nas costas milhões de analfabetos e outros tantos que,
precariamente alfabetizados, leem mas não percebem os significados, não têm
condição de usar o que apreenderam mal. Chegaram à porta do conhecimento, mas
não alcançam abri-la para desfrutar as maravilhas do mundo do saber e da
comunicação. Anísio Teixeira, educador perseguido por ditaduras, já dizia, em
1920, da dificuldade que tinha o Brasil de caminhar na direção do futuro se a
Educação não fosse prioridade nossa. Ao longo dos anos, muita gente continua
batalhando para transformar a realidade dos brasileiros.
Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/
conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/paginas
-literarias/artigo/1068/escrevendo-o-futuro>.
Acesso em: 12 nov. 2020.
Qual argumento melhor sustenta a tese de que o Brasil
é carente de estudantes capazes de ler, compreender
e escrever?
(A) “O estudante capaz de dominar esses três momentos está pronto para desenvolver com sucesso sua vida.’’
(B) “Anísio Teixeira já dizia da
dificuldade que tinha o Brasil de caminhar
na direção do futuro’’
(C) “[...] carrega nas costas
milhões de analfabetos e outros tantos que,
precariamente alfabetizados leem.’’
(D) “Ao longo dos anos, muita gente continua batalhando para transformar a realidade dos
brasileiros.’’
Descritor 7 – Identificar a tese de um
texto.
Título
Uma epidemia, como Albert Camus sabia tão bem, revela toda a doença de uma sociedade.
A doença que esteve sempre lá, respirando nas sombras (ou nem tão nas sombras assim), manifesta sua face horrenda. Foi
assim no Brasil na semana passada. Era uma suspeita de ebola, fato suficiente,
pela letalidade do vírus, para exigir o máximo de seriedade das autoridades de
saúde, como aconteceu. Descobrimos, porém, a deformação causada por um vírus
que nos consome há muito mais tempo, o da xenofobia. E, como o outro, o
“estrangeiro”, a “ameaça”, era africano da Guiné, exacerbada por uma herança
escravocrata jamais superada. O racismo no Brasil não é passado, mas vida
cotidiana conjugada no presente. A peste não está fora, mas dentro de nós.
Foi ela, a peste dentro de nós, que levou à
violação dos direitos mais básicos do
homem sobre o qual pesava uma suspeita de ebola. Contrariando a lei e a ética,
seu nome foi exposto. Seu rosto foi exposto. O documento em que pedia refúgio foi exposto. Ele não foi tratado como um
homem, mas como o rato que traz a peste para essa Oran chamada Brasil. Deste
crime, parte da imprensa, se tiver vergonha, se envergonhará.
O
ebola não parece ser um problema quando está na África, contido entre fronteiras. Lá é destino. O ebola só é problema, como escreveu o pesquisador francês
Bruno Canard, porque
o vírus saiu do lugar
em que o Ocidente gostaria
que ele ficasse.
“A militarização da resposta
ao ebola, que com a anuência do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, em setembro último, passou da Organização Mundial da Saúde a uma Missão da ONU, revela que a grande preocupação da comunidade internacional não é a
erradicação da doença, mas a sua contenção geográfica”, reforça Deisy Ventura.
Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/13/
opinion/1413206886_964834.html>. Acesso em: 12 nov. 2020.
Qual dos trechos apresenta a tese do texto?
(A)
“O
ebola não parece ser um problema quando está na Africa,
contido entre fronteiras. Lá é destino.”
(B)
“O
racismo no Brasil não é passado, mas vida cotidiana conjugada
no presente. A peste não está fora, mas dentro de nós.’’
(C)
“Era
uma suspeita de ebola, fato suficiente, pela letalidade do vírus, para exigir o
máximo de seriedade das autoridades de saúde, como aconteceu.’’
(D)
“O
documento em que pedia refúgio foi exposto. Ele não foi tratado como um homem,
mas como um rato que traz a peste para
essa Oran chamada Brasil.’’
QUESTÃO 7
Gente invisível
Danielle L. de Souza
Infelizmente, vivemos num mundo
de valores, em que as pessoas são
vistas pelo que têm, e não pelo que são. Já vi uma pessoa ignorar um gari, mas nunca
havia pensado como esses trabalhadores se sentem invisíveis e excluídos da
sociedade. Se isso não é preconceito, então eu não sei o que é. Falo todos os
dias com minha empregada ou com qualquer uniformizado. Isso nunca me matou, só me fez descobrir que, por trás de um simples empregado, há, muitas vezes, uma grande pessoa.
Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/ Epoca/0,6993,EPT787092-2119-2,00.html>.
Acesso em: 12 nov. 2020.
Assinale o trecho que expressa a opinião central da leitora.
(A) “Infelizmente,
vivemos num mundo de valores, em que as pessoas são vistas pelo que têm, e não pelo que são.’’
(B)
“Se isso
não é preconceito, então eu não seio que é. Falo todos os dias com minha
empregada ou com qualquer uniformizado.’’
(C)
“Isso
nunca me matou, só me fez descobrir
que, por trás de um simples empregado, há, muitas vezes, uma grande pessoa.”
(D)
“Já vi uma pessoa
ignorar um gari, mas nunca havia
pensado como esses trabalhadores se sentem invisíveis e excluídos da sociedade.’’
Nenhum comentário:
Postar um comentário