sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Relato pessoal sobre ansiedade



                                                      Minha ansiedade

Tudo começou há oito anos, na melhor fase da minha vida. Eu passei a viver um sofrimento sem fim. Todos os sábados eu fazia balé e a professora sempre pedia para que todas as alunas fossem com os cabelos em forma de coque. Nesse tempo eu não aceitava prender meus cabelos, assim, nas aulas de balé eu sempre ficava com eles soltos.
Com o passar do tempo, não conseguia tirar a mão dos meus cabelos. Passei a puxar um fio, depois dois fios e logo comecei a puxar vários fios de cabelo.
Certo dia eu e minha mãe notamos a diferença e várias perguntas surgiram para mim sobre o fato de eu estar ficando careca. Perguntavam-me, por exemplo, se eu estava usando algum produto químico. E eu, frágil, nunca falava nada. Havia dias que eu não tinha vontade de ir à escola com vergonha de mim mesma, do meu cabelo. Cheguei a ter vários apelidos como “careca” e “Maria puxa cabelo”.
Eu sempre me perguntava porque eu fazia isso comigo mesma. Quando eu deitava pra dormir, eu arrancava fios do meu cabelo. Passava em torno de umas duas horas. Pra mim, aquela ação era uma forma de alívio, como se eu estivesse tirando um peso de mim. Eu me sentia leve.
O tempo passava e arrancar fio a fio de cabelo virou costume. Qualquer lugar que eu fosse, eu parava pra sentar e a mão automaticamente ia para o cabelo. Minha mãe concluiu que aquilo era uma doença. Ela chegou ao ponto de amarrar minhas mãos quando eu começava a puxar.
Minha mãe via todo o meu sofrimento, a vontade de tocar no cabelo era maior que tudo. Eu chorava ao vê-lo feio, quebrado e estragado.
Quando completei doze anos, comecei a fazer um tratamento pra saber realmente o porquê disso tudo. A psicóloga afirmou que era um transtorno mental e recomendou procurar um psiquiatra. Este me receitou vários remédios que me ajudaram um certo tempo.
Hoje eu tenho dezessete anos e essa ansiedade nunca saiu de mim, esse pesadelo é sem fim. Eu sinto que nunca vou parar de arrancar meus fios de cabelo, porque se eu parar, minha alma morre. É a única coisa que me acalma e tira de mim todo o estresse.

       Fauanny, 1ºC, U.E.Demerval Lobão. Outubro de 2017, Angical PI.


2 comentários:

  1. Bela iniciativa professora Éllida e parabéns a aluna pelo belíssimo texto!

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