Minha ansiedade
Tudo começou há oito anos, na melhor
fase da minha vida. Eu passei a viver um sofrimento sem fim. Todos os sábados
eu fazia balé e a professora sempre pedia para que todas as alunas fossem com
os cabelos em forma de coque. Nesse tempo eu não aceitava prender meus cabelos,
assim, nas aulas de balé eu sempre ficava com eles soltos.
Com o passar do tempo, não conseguia
tirar a mão dos meus cabelos. Passei a puxar um fio, depois dois fios e logo
comecei a puxar vários fios de cabelo.
Certo dia eu e minha mãe notamos a
diferença e várias perguntas surgiram para mim sobre o fato de eu estar ficando
careca. Perguntavam-me, por exemplo, se eu estava usando algum produto químico.
E eu, frágil, nunca falava nada. Havia dias que eu não tinha vontade de ir à
escola com vergonha de mim mesma, do meu cabelo. Cheguei a ter vários apelidos
como “careca” e “Maria puxa cabelo”.
Eu sempre me perguntava porque eu
fazia isso comigo mesma. Quando eu deitava pra dormir, eu arrancava fios do meu
cabelo. Passava em torno de umas duas horas. Pra mim, aquela ação era uma forma
de alívio, como se eu estivesse tirando um peso de mim. Eu me sentia leve.
O tempo passava e arrancar fio a fio
de cabelo virou costume. Qualquer lugar que eu fosse, eu parava pra sentar e a
mão automaticamente ia para o cabelo. Minha mãe concluiu que aquilo era uma
doença. Ela chegou ao ponto de amarrar minhas mãos quando eu começava a puxar.
Minha mãe via todo o meu sofrimento, a
vontade de tocar no cabelo era maior que tudo. Eu chorava ao vê-lo feio,
quebrado e estragado.
Quando completei doze anos, comecei a
fazer um tratamento pra saber realmente o porquê disso tudo. A psicóloga
afirmou que era um transtorno mental e recomendou procurar um psiquiatra. Este me
receitou vários remédios que me ajudaram um certo tempo.
Hoje eu tenho dezessete anos e essa
ansiedade nunca saiu de mim, esse pesadelo é sem fim. Eu sinto que nunca vou
parar de arrancar meus fios de cabelo, porque se eu parar, minha alma morre. É a
única coisa que me acalma e tira de mim todo o estresse.
Fauanny, 1ºC, U.E.Demerval Lobão. Outubro de 2017, Angical PI.
Bela iniciativa professora Éllida e parabéns a aluna pelo belíssimo texto!
ResponderExcluirMuito obrigada!Fiquei muito emocionada com esse relato.
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