Minha infância sem
meus pais
Eu fui uma menina criada sem meus
pais. Minha avó materna foi quem cuidou de mim desde que eu tinha apenas três
meses de vida. Isso aconteceu porque minha mãe dizia que não tinha como me
criar, então ela perguntou para minha madrinha se ela poderia ficar comigo, mas
esta disse que precisava trabalhar. Depois pediu para a minha avó e ela disse
que sim.
Não conhecia o meu pai. Porém, quando
estava pertinho de completar sete anos, falei para minha avó que queria muito
conhecê-lo. Ela disse: “Pois você vai conhecer!”
No dia sete de fevereiro de 2009, data
do meu aniversário de sete anos, fui para Monsenhor Gil e o conheci. Ele ficou
até emocionado ao me ver.
Depois disso, descobri algumas coisas
sobre minha vida: minha mãe havia me deixado no hospital assim que eu nasci,
porque ela não me queria. Até hoje sou revoltada com isso. Mas também descobri
que meu pai batia muito nela; por isso nasci cheia de manchas pelo corpo,
talvez hematomas. Até hoje tenho algumas dessas marcas. Quando ela se separou
dele, eu tinha um mês.
Hoje ela tem outra família com três
filhos: Raiane, Ravena e João Henrique, meus irmãos.
Como eu já disse, fui criada por minha
avó, que deu a sua vida por mim e até hoje faz tudo pra me ver feliz. Eu devo
tudo a ela. Sempre está ao meu lado nas horas difíceis, tristes e de
brincadeiras. Ela nunca me desprezou, ao contrário da minha mãe.
Minha avó quis me oferecer tudo de bom
para que eu tivesse uma infância feliz e fez de tudo “pra eu ser gente”,
inclusive pagar escola particular pra mim aqui em Angical. E eu tive sim a
melhor infância que eu poderia ter. Nunca tive amor de mãe e nem de pai. Nem
sei o que é isso. E quem tem, às vezes não dá valor.
Tenho dezesseis anos, já sou casada. Não
foi da vontade de minha avó que eu casasse, mas ela aceita. E sou feliz graças
a ela. Não vou conseguir pagar tudo que ela fez por mim. Já minha avó por parte
de pai, diz que eu sou pra ela um dedo que ela cortou e jogou fora.
Kelly (pseudônimo), 1º B; U.E.Demerval Lobão, outubro de 2017, Angical Pi.
O pior dia da
minha vida
Era noite do dia 5 de novembro de
2000. Dia que minha mãe me abandonou por estar traindo meu pai com meu tio. Eu
tinha apenas dois anos de idade e ainda mamava. Apesar de ser pequena, eu
entendia um pouco das coisas. Lembro dela dizendo que podia ter me matado e que
tentou muitas vezes o aborto.
Eu era muito pequena, não merecia ser
abandonada e deixada com pessoas que nem ela mesma conhecia. O que eu fiz pra
ela ter tanto ódio de uma criança tão meiga e carinhosa? Eu entendia o que
acontecia ao meu redor e fui crescendo e criando um ódio tão grande que não sei
se consigo perdoá-la algum dia.
Ainda me lembro quando ela me chamava
de minha princesinha. O que aconteceu com sua princesinha? Por que você a
abandonou quando ela mais precisou? Você deu as costas. Que pena! Agora a
princesinha cresceu e virou a vilã, descobriu outros significados da vida.
Quando minha mãe estava grávida de mim
ela usava muito crack. Ao nascer, descobriram que eu estava com problema nos
pulmões e por isso ela me desejava a morte. Logo quando me abandonou começou a
vender drogas e a se prostituir e hoje ela é uma das maiores traficantes de
Teresina e da minha parte ela só tem o meu desprezo.
Minha mãe me abandonou e agora tem o
meu desprezo, nada vai mudar isso. Por causa dela hoje sou uma garota triste e
amarga, que não se apega mais a ninguém, porque tem medo de ser abandonada
outra vez e prefere ficar sozinha sem ninguém. Vive rodeada de pessoas, mas se
sente só.
Ninguém se importa comigo, as pessoas
só pensam nelas mesmas. Eu preciso de um pouco de atenção e de carinho. Às
vezes sou chata, mas tenho um bom coração. Só quero ser feliz e amada. Não sou
uma pessoa má e nem quero enfrentar a vida sozinha. Cadê aqueles amigos que
dizem que são seus amigos, mas na hora que você mais precisa eles somem? A
verdade é que as pessoas só querem a nossa amizade quando estamos numa boa.
Menina má (pseudônimo), 1ºA, U.E.Demerval Lobão, outubro de 2017; Angical PI.
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