quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Relato pessoal sobre gravidez na adolescência



                            A morte prematura do meu bebê


Sempre fui uma garota ativa desde a infância e logo quando completei treze anos, em janeiro de 2014, comecei a me relacionar com um garoto de quatorze. Porém, o nosso relacionamento foi além. Ele ia todos os dias à minha casa e acabou tornando-se o meu amor.
Com pouco tempo aconteceu o que foi inesperado pra mim: um novo ser vivo viria ao mundo. Minha mãe já estava desconfiada, pois além do atraso menstrual de dois meses, eu vomitava muito, passava mal constantemente, quase todas as noites, e quanto mais eu negava, mais ela tinha a certeza que eu estava gestante.
Até que um dia minha mãe resolveu ter uma conversa séria comigo e me convenceu a fazer um exame de gravidez. Nesse dia fiquei muito nervosa porque eu sabia a verdade e estava com medo da reação dela e da minha família. Meu namorado, já calmo, também me convenceu a fazer o teste.
Chegando ao laboratório, eu estava gelada, não sabia o que falar e só pensava no resultado. Três dias depois, ele chegou, trazendo ainda mais nervosismo e ansiedade também.
Fiquei impressionada com a reação da minha família, pois minha mãe só pedia para eu ter calma porque eu não parava de chorar. Meu pai, sempre paciente, falava que que ia dar tudo certo e que o mais importante naquele momento era cuidar daquele bebê que estava no meu ventre.
No dia seguinte quando fui para a escola, meus colegas ficavam sorrindo de mim, fazendo brincadeiras com o que eu estava passando e a cada dia as piadas só aumentavam. Meu professor de matemática chegou na sala e perguntou quem era a garota de treze anos que estava grávida. Eu abaixei minha cabeça e comecei a pedir a Deus que tudo aquilo que estava acontecendo comigo passasse logo. Ele tinha falado com um tom de ironia como se não soubesse quem era a aluna.
Cinco meses de gestação e todo aquele sofrimento parecia não ter fim. Cada dia era pior. Eu passava e as pessoas olhavam e me julgavam por eu ser nova demais. Eram palavras constrangedoras que ninguém merece ouvir.
Meu namorado e minha família deram-me muito apoio, assim como minhas duas melhores amigas. Jadinaele e Jatinaele, irmãs gêmeas, foram as únicas que quase todos os dias iam à minha casa para saber como eu estava. Muitos “amigos” afastaram-se de mim, pois para eles, eu não era uma boa companhia. Alguns, depois de algum tempo do impacto da notícia, até voltaram a falar comigo, já outros, continuaram me julgando. Mas eu sabia que aqueles que estavam ao meu lado, realmente gostavam de mim e queriam o meu bem.
No dia oito de maio daquele mesmo ano, na minha cidade (Angical), houve um evento: a Ação Global. Fiz uma pequena apresentação de capoeira, que me deixou um pouco tonta e de repente, caí. Meu professor imediatamente me socorreu. Em seguida, fui para casa descansar. À tarde, comecei a sentir dores muito fortes na barriga e um calor insuportável. Resolvi tomar um banho e tive uma surpresa: a minha bolsa estourou. Minha mãe ficou muito preocupada e levou-me para o hospital. A doutora encaminhou-me para a Maternidade Evangelina Rosa, em Teresina.
Chegando lá, o exame de ultrassonografia detectou os batimentos acelerados do bebê e o médico deu a notícia que meu filho não tinha chance de sobreviver, pois o líquido que ele precisava, eu já havia perdido na viagem toda de Angical para Teresina. Esperei o momento de sentir as dores do parto e ele nascer.  Foram os dias mais tristes da minha vida. Eu sabia que meu bebê não iria sobreviver. Era uma dor inexplicável ver tantas mães com seus filhos nos braços e eu perdendo o meu.
Dia treze de maio, numa tarde, aproximadamente às seis horas, comecei a entrar em trabalho de parto. Levaram-me para a sala de parto, e ali tive um bebê prematuro de cinco meses. Após o seu nascimento, ele ficou vivo por um minuto e logo faleceu.
Minha mãe fez de tudo para trazê-lo para Angical, mas os médicos não permitiram porque tratava-se de um aborto espontâneo. Fiquei arrasada por não realizar o velório do meu menino. Passei a noite no hospital, em observação.
No dia seguinte tive alta e voltei para casa muito triste por não ter meu filho nos braços, mas tive muito apoio dos meus familiares, de alguns amigos e do meu namorado, que era muito presente.
Todos os dias fico imaginando como seria se ele estivesse vivo, pois já se passaram três anos e a saudade e a tristeza só aumentam quando eu lembro daquele dia.



     Maria Clara, 1º C; U.E.Demerval Lobão, Angical PI. Outubro de 2017.



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