A morte prematura do
meu bebê
Sempre fui uma garota ativa desde a
infância e logo quando completei treze anos, em janeiro de 2014, comecei a me
relacionar com um garoto de quatorze. Porém, o nosso relacionamento foi além.
Ele ia todos os dias à minha casa e acabou tornando-se o meu amor.
Com pouco tempo aconteceu o que foi
inesperado pra mim: um novo ser vivo viria ao mundo. Minha mãe já estava
desconfiada, pois além do atraso menstrual de dois meses, eu vomitava muito,
passava mal constantemente, quase todas as noites, e quanto mais eu negava,
mais ela tinha a certeza que eu estava gestante.
Até que um dia minha mãe resolveu ter
uma conversa séria comigo e me convenceu a fazer um exame de gravidez. Nesse
dia fiquei muito nervosa porque eu sabia a verdade e estava com medo da reação
dela e da minha família. Meu namorado, já calmo, também me convenceu a fazer o
teste.
Chegando ao laboratório, eu estava
gelada, não sabia o que falar e só pensava no resultado. Três dias depois, ele
chegou, trazendo ainda mais nervosismo e ansiedade também.
Fiquei impressionada com a reação da
minha família, pois minha mãe só pedia para eu ter calma porque eu não parava de
chorar. Meu pai, sempre paciente, falava que que ia dar tudo certo e que o mais
importante naquele momento era cuidar daquele bebê que estava no meu ventre.
No dia seguinte quando fui para a
escola, meus colegas ficavam sorrindo de mim, fazendo brincadeiras com o que eu
estava passando e a cada dia as piadas só aumentavam. Meu professor de
matemática chegou na sala e perguntou quem era a garota de treze anos que
estava grávida. Eu abaixei minha cabeça e comecei a pedir a Deus que tudo
aquilo que estava acontecendo comigo passasse logo. Ele tinha falado com um tom
de ironia como se não soubesse quem era a aluna.
Cinco meses de gestação e todo aquele
sofrimento parecia não ter fim. Cada dia era pior. Eu passava e as pessoas
olhavam e me julgavam por eu ser nova demais. Eram palavras constrangedoras que
ninguém merece ouvir.
Meu namorado e minha família deram-me
muito apoio, assim como minhas duas melhores amigas. Jadinaele e Jatinaele,
irmãs gêmeas, foram as únicas que quase todos os dias iam à minha casa para
saber como eu estava. Muitos “amigos” afastaram-se de mim, pois para eles, eu
não era uma boa companhia. Alguns, depois de algum tempo do impacto da notícia,
até voltaram a falar comigo, já outros, continuaram me julgando. Mas eu sabia
que aqueles que estavam ao meu lado, realmente gostavam de mim e queriam o meu
bem.
No dia oito de maio daquele mesmo ano,
na minha cidade (Angical), houve um evento: a Ação Global. Fiz uma pequena
apresentação de capoeira, que me deixou um pouco tonta e de repente, caí. Meu
professor imediatamente me socorreu. Em seguida, fui para casa descansar. À tarde,
comecei a sentir dores muito fortes na barriga e um calor insuportável. Resolvi
tomar um banho e tive uma surpresa: a minha bolsa estourou. Minha mãe ficou
muito preocupada e levou-me para o hospital. A doutora encaminhou-me para a
Maternidade Evangelina Rosa, em Teresina.
Chegando lá, o exame de
ultrassonografia detectou os batimentos acelerados do bebê e o médico deu a
notícia que meu filho não tinha chance de sobreviver, pois o líquido que ele
precisava, eu já havia perdido na viagem toda de Angical para Teresina. Esperei
o momento de sentir as dores do parto e ele nascer. Foram os dias mais tristes da minha vida. Eu
sabia que meu bebê não iria sobreviver. Era uma dor inexplicável ver tantas
mães com seus filhos nos braços e eu perdendo o meu.
Dia treze de maio, numa tarde,
aproximadamente às seis horas, comecei a entrar em trabalho de parto.
Levaram-me para a sala de parto, e ali tive um bebê prematuro de cinco meses.
Após o seu nascimento, ele ficou vivo por um minuto e logo faleceu.
Minha mãe fez de tudo para trazê-lo
para Angical, mas os médicos não permitiram porque tratava-se de um aborto
espontâneo. Fiquei arrasada por não realizar o velório do meu menino. Passei a
noite no hospital, em observação.
No dia seguinte tive alta e voltei
para casa muito triste por não ter meu filho nos braços, mas tive muito apoio
dos meus familiares, de alguns amigos e do meu namorado, que era muito
presente.
Todos os dias fico imaginando como
seria se ele estivesse vivo, pois já se passaram três anos e a saudade e a
tristeza só aumentam quando eu lembro daquele dia.
Maria Clara, 1º C; U.E.Demerval Lobão, Angical PI. Outubro de 2017.
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