segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Poesia é música na Idade Média: Questões de vestibular

1. (UEPA)

A literatura do amor cortês, pode-se acres- centar, contribuiu para transformar de algum modo a realidade extraliterária, atua como componente do que Elias (1994)* chamou de processo civilizador. Ao mesmo tempo, a realidade extraliterária penetra processualmente nessa literatura que, em parte, nasceu como forma de sonho e de evasão.

(Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, EDUFSC, v. 41, n. 1 e 2, p. 83-110, abril e outubro de 2007, p. 91-92) (*) Cf. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1994, v. 1.

Interprete o comentário acima e, com base nele e em seus conhecimentos acerca do lirismo medieval galego-português, marque a alternativa correta:

a) as cantigas de amor recriaram o mesmo ambiente palaciano das cortes galegas.

b) "a literatura do amor cortês" refletiu a verdade sobre a vida privada medieval.

c) a servidão amorosa e a idealização da mulher foi o grande tema da poesia produzida por vilões.

d) o amor cortês foi uma prática literária que aos poucos modelou o perfil do homem civilizado.

e) nas cantigas medievais mulheres e homens submetem-se às maneiras refinadas da cortesia.


2. (Mack-SP) Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.

a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres camponesas.

b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura antropocêntrica.

c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da Re- nascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.

d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente.

e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões estéticos greco-romanos.

3. (Mack-SP)

Ai dona fea! foste-vos queixar 
porque vos nunca louv'em meu trobar
mais ora quero fazer um cantar 
em que vos loarei toda via 
e vedes como vos quero loar: 
dona fea, velha e sandia!

Assinale a informação correta a respeito do trecho de João Garcia de Guilhade:

a) É cantiga satírica.

b) Foi o primeiro documento escrito em língua portuguesa (1189).

c) Trata-se de cantiga de amigo.

d) Foi escrita durante o Humanismo (1418-1527).

e) Faz parte do Auto da Feira.

4. (ESPM-SP) O amor cortês foi um gênero praticado desde os trovadores medievais europeus. Nele a devoção masculina por uma figura feminina inacessível foi uma atitude constante. A opção cujos versos confirmam o exposto é: 

a)

Eras na vida a pomba predileta
[...] Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, - a inspiração, - a pátria, 
O porvir de teu pai!

                            (Fagundes Varela)

b)

Carnais, sejam carnais tantos desejos, 
Carnais sejam carnais tantos anseios, 
Palpitações e frêmitos e enleios 
Das harpas da emoção tantos arpejos...

                        (Cruz e Sousa)

c)

Quando em meu peito rebentar-se a fibra, 
Que o espírito enlaça à dor vivente, 
Não derramem por mim nenhuma lágrima 
Em pálpebra demente.

                               (Álvares de Azevedo)

d)

Em teu louvor, Senhora, estes meus versos 
E a minha Alma aos teus pés para cantar-te,
E os meus olhos mortais, em dor imersos, 
Para seguir-lhe o vulto em toda a parte.

                                (Alphonsus de Guimaraens)

e)

Que pode uma criatura senão, 
entre criaturas, amar?
 amar e esquecer 
amar e malamar,
amar, desamar, amar?

                                  (Manuel Bandeira)

5. (IFSP)

                     Cantiga de amor 

                                           Afonso Fernandes

Senhora minha, desde que vos vi, 
lutei para ocultar esta paixão 
que me tomou inteiro o coração; 
mas não o posso mais e decidi 
que saibam todos o meu grande amor, 
a tristeza que tenho, a imensa dor 
que sofro desde o dia em que vos vi. 
Já que assim é, eu venho-vos rogar 
que queirais pelo menos consentir 
que passe a minha vida a vos servir [...]

(www.caestamosnos.org/efemerides/118. Adaptado)

Observando-se a última estrofe, é possível afirmar que o apaixonado:

a) se sente inseguro quanto aos próprios sentimentos.

b) se sente confiante em conquistar a mulher amada.

c) se declara surpreso com o amor que lhe dedica a mulher amada. 

d) possui o claro objetivo de servir sua amada.

e) conclui que a mulher amada não é tão poderosa quanto parecia a princípio.

6. (IFSP) Leia atentamente o texto abaixo. 

Com'ousará parecer ante mi 
o meu amigo, ai amiga, por Deus, 
e com'ousará catar estes meus 
olhos se o Deus trouxer per aqui, 
pois tam muit'há que nom veo veer 
mi e meus olhos e meu parecer?

(Com'ousará parecer ante mi, de Dom Dinis. Fonte: <http://pt.wikisource.org/wiki/Com'ousará_parecer_ante_mi>. Acesso em: 05.12.2012.)

Per: por.

Tam: tão.

Nom: não.

Veer: ver.

Mi: mim, me.

Parecer: semblante.

Sobre o fragmento anterior, pode-se afirmar que pertence a uma cantiga de:

a) amor, pois o eu lírico masculino declara a uma amiga o sentimento de amor que tem por ela.

b) amigo, pois o eu lírico feminino expressa a uma amiga a falta de seu amigo por quem sente amor.

c) amor, pois o eu lírico é feminino e acha que seu amor não deve voltar para os seus braços.

d) amigo, pois o eu lírico masculino entende que só Deus pode trazer de volta sua amiga a quem não vê há muito tempo.

e) amor, pois o eu lírico feminino não consegue enxergar o amor que sente por seu amigo.

7. (ESPCEX-SP) É correto afirmar sobre o Trovadorismo que:

a) os poemas são produzidos para ser encenados. 

b) as cantigas de escárnio e maldizer têm temáticas amorosas.

c) nas cantigas de amigo, o eu lírico é sempre feminino.

d) as cantigas de amigo têm estrutura poética complicada.

e) as cantigas de amor são de origem nitidamente popular.


8. (Vunesp)

Cantiga

Bailemos nós já todas três, ai amigas, 
So aquestas avelaneiras frolidas, 
E quem for velida, como nós, velidas,
Se amigo amar,
So aquestas avelaneiras frolidas
Verrá bailar.

Bailemos nós já todas três, ai irmanas, 
So aqueste ramo destas avelanas,
E quem for louçana, como nós, louçanas,

Se amigo amar,
So aqueste ramo destas avelanas 
Verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,
So aqueste ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como nós parecemos

Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo que bailemos
Verrá bailar.

Airas Nunes, de Santiago. In: SPINA, Segismundo. Presença da Literatura Portuguesa - 1. Era Medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966.

Frolidas: floridas.

Velida: formosa.

Aquestas: estas.

Verrá: virá.

Irmanas: irmãs.

Aqueste: este.

Louçana: formosa.

Avelanas: avelaneiras.

Mentr'al: enquanto outras coisas.

Bem parecer: tiver belo aspecto.


                            Confessor Medieval

(1960)

Irias à bailia com teu amigo, 
Se ele não te dera saia de sirgo? (sirgo = seda)

Se te dera apenas um anel de vidro 
Irias com ele por sombra e perigo?

Irias à bailia sem teu amigo, 
Se ele não pudesse ir bailar contigo?

Irias com ele se te houvessem dito 
Que o amigo que amavas é teu inimigo?

Sem a flor no peito, sem saia de sirgo, 
Irias sem ele, e sem anel de vidro?

Irias à bailia, já sem teu amigo, 
E sem nenhum suspiro?

Cecília Meireles. Poesias completas de Cecília Meireles - v. 8. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

Tanto na cantiga como no poema de Cecília Meireles verificam-se diferentes personagens: um eu poemático, que assume a palavra, e um interlocutor ou interlocutores a quem se dirige. Com base nesta informação, releia os dois poemas e, a seguir:

a) indique o interlocutor ou interlocutores do eu poemático em cada um dos textos.

O primeiro texto apresenta um vocativo, ai amigas, indicando que o eu lírico (feminino) fala com suas amigas a respeito de seus amados (amigos). No segundo texto, apesar da ausência de vocativo, pode-se identificar o interlocutor como alguém do sexo feminino pelas perguntas: o eu lírico questiona diretamente se iria à bailia (baile, dança) com o amigo. As perguntas são sempre sobre elementos ligados ao mundo feminino (saia de sirgo, anel).

b) identifique, em cada poema, com base na flexão dos verbos, a pessoa gramatical utilizada pelo eu poemático para dirigir-se ao interlocutor ou interlocutores.

No primeiro texto, trata-se da primeira pessoa do plural (nós): bailemos.
No segundo texto, é a segunda pessoa do singular (tu): irias.

9. (Mack-SP)

Ondas do mar de Vigo, 
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado, 
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!

                            Martim Codax

Verrá: virá.

Levado: agitado.

Assinale a afirmativa correta sobre o texto.

a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso.

b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige -se a Deus para lamentar a morte do ser amado.

c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio..

d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do mar para expressar sua solidão.

e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado.


                                                                     BONS ESTUDOS!

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